sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Os espíritas sofrem?




OS ESPÍRITAS SOFREM?

Entre os chegados ao Espiritismo, é frequente a convicção de os espíritas não terem problemas, dificuldades, sofrimentos.
Isso não corresponde à realidade.
O espírita passa pelas provas e expiações necessárias ao momento evolutivo em curso, tendo em vista a sua evolução espiritual.
Se para além de bem compreender o Espiritismo, também bem o sentir, como nos é dito por Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", estará melhor preparado para os diferentes momentos da sua existência, isto é, por ter do sofrimento um entendimento maior.
Posto isto, o espírita sente a doença, a saudade e tantas outras vicissitudes da vida, mas confia em Deus e a Ele se confia, pedindo-lhe forças para vencer.

E é também na obra referida que nos é dito:
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que faz para vencer as suas más tendências."

Terminamos com a história de Amazonas Hércules, para nossa reflexão:

Amazonas Hércules 1912-2004

Amazonas Hércules foi exemplo de coragem diante das adversidades da vida.
Ficou órfão de pai ao nascer e de mãe aos 4 anos de idade passando, então, a receber assistência amorosa de sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, que não se poupava em atenções. Sendo ela espírita, Amazonas aflorou sua ligação com a Doutrina.

Sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, a partir de então, passou a criá-lo. Ela, por ser espírita, deu-lhe as primeiras noções do Espiritismo, conduzindo-o às reuniões da Federação Espírita do Amazonas, de cujas atividades participava como voluntária.”

“Viajou por quase todos os municípios do estado, o que lhe valera conhecimentos para responder pela Secretaria do Departamento de Estatística Militar e para a promoção a Estatístico Auxiliar. Era uma nova vida que começava.

No decorrer desse período, começou a notar novos fatos em sua saúde.
O pé começou a apresentar uma fraqueza que atrapalhava a marcha normal e alguns sintomas já haviam aparecido anteriormente, porém nem no Exército foi diagnosticado o Mal de Hansen.

Com a evolução da doença, os sintomas foram aumentando, as manchas aparecendo e desaparecendo e depois passou a ter desmaios com frequência, o que o levou a uma junta médica e, enfim, ao diagnóstico.

O mundo desabou a seus pés. Saiu do consultório perturbado, aterrorizado com as perspectivas do que considerava “sua desgraça”.

Aquele dia de pesadelo não terminaria!

Quando chegou à repartição, uma nova decepção o aguardara. Os amigos e companheiros estavam estranhos, sérios, evasivos e distantes. Sentiu-se escorraçado!

Em casa, a Dinda, com palavras de amor e carinho,
procurou remendar e medicar as chagas abertas em seu espírito. Até aquela data, ele acompanhara sua Dinda às reuniões da Federação Espírita Amazonense e conhecia a Doutrina Espírita por ler os livros da madrinha. Embora não fosse convicto, aqueles conhecimentos o ajudaram a superar os impactos dos primeiros momentos.

Sua vida foi um exemplo de coragem, otimismo, fé e amor. Foi também por esse Amor que ele não mediu esforços, procurando partilhar com todos um pouco de seu carisma e de sua doçura.

“- Com os trabalhos no Centro Espírita Filhos de

Deus, passei a sentir a Doutrina em sua plenitude. A doença, com todo o seu cortejo de dores e sofrimentos, deixou de ter aquele significado de tragédia, do primeiro impacto.
Passei a compreender o seu verdadeiro sentido de
instrumento para minha recuperação espiritual. Senti a futilidade daqueles planos de ocupar uma posição de destaque na vida. Tais planos seriam, certamente a minha derrocada no desenvolvimento espiritual.”

Amputações, deformações e outras consequências da doença, deixaram de ser motivo de angústia e limitações para o trabalho.

Amazonas Hércules fez jus ao seu nome e sobrenome, pois era fisicamente robusto, e grande também quando sorria. A sua gargalhada gostosa transmitia a todos muito otimismo. Por essa razão, muitas pessoas sadias o procuravam em busca de ânimo para as lutas da vida. Por telefone, e pessoalmente, enxugou muitas lágrimas com sua palavra doce e confortadora, inspirada no amor de Jesus. Inúmeras vezes, mesmo sofrendo, escondeu suas próprias lágrimas para confortar aqueles que precisavam do seu coração amigo e generoso.”

“No Centro Espírita Filhos de Deus, que funciona nas dependências da Colônia de Curupaiti, Amazonas Hércules foi secretário por muitos anos. Com as falanges dos dedos das mãos atrofiadas pela hanseníase, ele datilografava toda a correspondência pressionando as teclas da máquina de escrever com um lápis que segurava entre a parte superior do dedo indicador e a do dedo médio. Tendo amputado a
perna esquerda, também em consequência da
enfermidade, Amazonas se locomovia de muletas
para proferir palestras em diversos Centros Espíritas
do Estado, e participar do programa "Educar para
Crescer", da Rádio Rio de Janeiro.

Ao longo dos 50 anos internado em Curupaiti, desenvolveu, no "Filhos de Deus", amplas atividades assistenciais para o amparo dos familiares carentes dos hansenianos, mantidas até hoje, sendo uma delas a sala de curativos «Maria de Nazaré».”

Era poeta, e declamava com muita propriedade poesias suas e de diversos autores. Em seu livro Canção da Esperança, o poema "Esteira de Luz" lembra Cristo, em cujos versos finais diz Amazonas:

“Na Galiléia ridente/ no lago, vasto celeiro,/piscoso,
imenso mar,/vogavam barcos, veleiros,/na faina do
dia-a-dia/(...) E um pescador diferente,/de olhos
azuis como o mar,/louros cabelos voando,/beijados
pelas brisas trazidas/ de todos os continentes,/(...) e
o fato surpreendente,/testemunho mais que
sublime,/eloquente,/(...) foi a vida vencendo a morte/
na radiosa alvorada da sua ressurreição,/ após o terceiro dia de sua crucificação,/marco sublime, sem dúvida,/da vida eterna,imortal,/sublime "esteira de luz"/dessa estrela peregrina/ que foi o Mestre Jesus!"

Fontes da biografia de Amazonas Hércules:
-Gerson Simões Monteiro (site da Federação Espírita do Paraná);
- Boletim do Centro Espírita Filho de Deus.

Sem comentários:

Enviar um comentário