HERANÇAS
A transmissão, após a morte, dos valores de que somos depositários, em cada existência, é uma circunstância presente nas nossas vidas.
De ambas as partes, autor da herança e herdeiros, há direitos e deveres que as leis terrenas estipulam.
Ainda que a lei se cumpra, terrenamente, acima desta existe a Lei Divina e, de acordo com esta, diferentes e mais abrangentes são os critérios, pois têm em conta não só o presente, mas também as existências pregressas, onde poderão encontrar-se fundamentos de que hoje não nos lembramos, em virtude do esquecimento temporário do passado. Isso leva a que, em algumas situações, Deus use o tempo e conjugue circunstâncias para que se cumpra o que é justo, a seus olhos.
Se, na Terra, em algumas ocasiões e sem que para tal tenhamos contribuído, formos surpreendidos com o que se nos afigura ser uma reviravolta injusta, ou mesmo um equívoco, total ou parcial, não nos entreguemos ao conflito, à revolta, ou à vingança.
Cumpramos os nossos deveres, socorramo-nos dos nossos direitos e entreguemos a Deus, visto que todos somos indistintamente regidos pela sua Lei, que tudo mantem ou corrige nos momentos certos.
Disso nos fala Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", conforme se transcreve, para nossa reflexão:
"O princípio, segundo o qual ele é apenas depositário da fortuna de que Deus lhe permite gozar durante a vida, tira ao homem o direito de transmiti-la aos seus descendentes?
O homem pode perfeitamente transmitir, por sua morte, aquilo de que gozou durante a vida, porque o efeito desse direito está subordinado sempre à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir que aqueles descendentes gozem do que lhes foi transmitido. Não é outra a razão por que desmoronam fortunas que parecem solidamente constituídas. É, pois, impotente a vontade do homem para conservar nas mãos da sua descendência a fortuna que possua. Isso, entretanto, não o priva do direito de transmitir o empréstimo que recebeu de Deus, uma vez que Deus pode retirá-lo, quando o julgue oportuno. — ( LUÍS. Paris, 1860.)"
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