segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O SILÊNCIO É RECOLHIMENTO?

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O SILÊNCIO É RECOLHIMENTO?

A prece com que iniciamos os trabalhos, numa reunião espírita, tem o propósito de facilitar a união de pensamentos, o recolhimento e a ligação a Deus, nosso Pai e Criador, que preside aos destinos de todos nós.
Este momento não é um ritual, pois a Doutrina Espírita não os tem, mas um recurso muito importante e necessário, para melhor podermos participar dessa reunião, dando o melhor de nós e recebendo todo o amparo que nos é dirigido e que ali nos aguarda, através dos Benfeitores Espirituais.
É importante o contributo de todos, pois o trabalho também a todos pertence, independentemente do papel que a cada um compete, na ocasião.
Deste modo, para o êxito da reunião e da assistência espiritual, concorrem todos os ali estão , quer tenham tarefas atribuídas, ou estejam no público.

Não basta estar em silêncio. Há que estar presente com o pensamento e o coração.

Como está a ser a nossa participação nas reuniões da casa espírita? Estaremos a cooperar, ou a complicar?
O nosso silêncio é, verdadeiramente, o necessário recolhimento?

Neste tempo de pandemia, em que muitas casas espíritas se encontram fechadas ou com funcionamento parcial, reflitamos a este respeito e corrijamos o que em nós pode ser melhorado, para que o regresso às atividades ocorra com um maior e melhor contributo, a favor de todos os que ali acorrem, nos quais cada um de nós também está incluído.

Sob o título "O verdadeiro recolhimento", a "Revista Espírita", de Allan Kardec, publicou um importante artigo, em Novembro de 1868 e que serve de base à nossa reflexão, acerca deste tema:

"Sociedade de Paris, 16 de outubro de 1868 - Médium: Sr. Bertrand.)"

"Se pudésseis ver o recolhimento dos Espíritos de todas as ordens que assistem às vossas sessões, e isto durante a leitura de vossas preces, não só ficaríeis tocados, mas ficaríeis envergonhados de ver que o vosso recolhimento, que apenas qualifico de silêncio, está muito longe de aproximar-se do dos Espíritos, um bom número dos quais vos são inferiores. O que chamais de recolhimento durante a leitura de vossas belas preces, é observar um silêncio que ninguém perturba, entretanto, se vossos lábios não se mexem, se vosso corpo está imóvel, vosso Espírito vaga e deixa de lado as sublimes palavras que deveríeis pronunciar do mais profundo do vosso coração, a elas vos assemelhando pelo pensamento.

Vossa matéria observa o silêncio; certamente dizer o contrário seria vos injuriar; mas o vosso Espírito tagarela não o observa, e perturba, nesse instante, por vossos pensamentos diversos, o recolhimento dos Espíritos que vos rodeiam. Ah! Se os vísseis prosternados ante o Eterno, pedindo a realização de cada uma das palavras que ledes, vossa alma ficaria comovida e lamentando sua pouca atenção passada, faria uma volta sobre si mesma e pediria a Deus, de todo coração, a realização dessas mesmas palavras que ela apenas pronunciava com os lábios. Pediríeis aos Espíritos que vos tornásseis dóceis aos seus conselhos. E eu, o Espírito que vos fala, após a leitura de vossas preces, e das palavras que acabo de repetir, poderia assinalar mais de um que daqui sairá muito pouco dócil aos conselhos que acabo de dar e com sentimentos muito pouco caridosos para com seu próximo.

Sem dúvida sou um pouco duro, mas creio não o ser senão para com aqueles que o merecem e cujos pensamentos mais secretos não podem ser escondidos aos Espíritos. Não me dirijo, pois, senão aos que aqui vêm pensando em qualquer outra coisa, menos nas lições que aqui devem buscar e nos sentimentos que aqui devem trazer. Mas os que oram do fundo de sua alma orarão também, após a leitura de minha comunicação, por aqueles que vêm aqui e daqui partem sem haver orado.

Seja como for, peço aos que tiveram a bondade de me escutar com ouvidos atentos, que continuem a pôr em prática os ensinamentos e os conselhos dos Espíritos; a isto os convido no seu interesse, pois eles não sabem tudo quanto podem perder não o fazendo."

DE COURSON.

Que em cada dia busquemos ser o que de melhor há em nós!

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