sexta-feira, 31 de julho de 2020

É possível conhecer o futuro?




É POSSÍVEL CONHECER O FUTURO?

“Suponhamos um homem colocado no cume de uma alta montanha, a observar a vasta extensão da planície em derredor. Nessa situação, o espaço de uma légua pouca coisa será para ele, que poderá facilmente apanhar, de um golpe de vista, todos os acidentes do terreno, de um extremo a outro da estrada que lhe esteja diante dos olhos.
O viajor, que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Constitui isso uma simples previsão da consequência que terá a sua marcha.
Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos de água que terá de transpor, os bosques que haja de atravessar, os precipícios em que poderá cair, as casas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os ladrões que o espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o desconhecido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena área que o cerca.
Quanto à duração, mede-a pelo tempo que gasta em perlustrar o caminho. Tirai-lhe os pontos de referência e a duração desaparecerá.
Para o homem que está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aquilo está presente. Suponhamos que esse homem desce do seu ponto de observação e, indo ao encontro do viajante, diz-lhe: “Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e socorrido.” Estará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante, não para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presente.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XVI , «Teoria da Presciência», Item 2

Muitos são aqueles que surgem alegando ter tido acesso, através da mediunidade, a datas em que acontecerão circunstâncias, cataclismos, intempéries, entre outros. No entanto, sabemos que os Espíritos mais evoluídos, nada predizem, muito menos datas fixas, até para não impedirem a ação do nosso livre-arbítrio.

“Atribui-se comumente aos profetas o dom de adivinhar o futuro, de sorte que as palavras profecia e predição tornaram-se sinónimas.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Se atentarmos, nesta frase, observamos Allan Kardec a referir que "é comum atribuir-se", ao invés de dizer que "devemos acreditar em tudo", de forma inequívoca.

“624. Qual o caráter do verdadeiro profeta?”
“- O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos.
Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.”
“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec

Só Deus pode abarcar o conhecimento de tudo.
Quanto aos verdadeiros profetas, eles deixam um rasto de boas sementes. São como um despertador para as nossas vidas.
São aqueles Espíritos que podemos conhecer directamente, ou não, mas que admiramos pela sua retidão e cumprimento da Lei de Deus.
Quanto a nós, todos somos falíveis. De outra forma, estaríamos já num outro patamar evolutivo.

“No sentido evangélico, o vocábulo profeta tem mais extensa significação. Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de revelar-lhes as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Têm, então, a missão de instruir e não de adivinhar.
Mas que revelações poderão fazer aos homens?
Podem revelar-lhes aquilo que não conhecem, nomeadamente que somos Espíritos, em experiência terrena, que já tivemos outras existências e que temos uma vida que durará para sempre.

No que concerne aos mistérios da vida, o trecho refere-se ao dar a conhecer a realidade, para que os homens tenham a certeza que o que está a acontecer (na encarnação), não é a sua vida mas é, antes sim, uma parte dela.
Desta forma, os verdadeiros profetas, dão, ao homem, a compreensão para tudo aquilo que ele não consegue encontrar causas na vida presente mas também dão esperança, dizendo que tudo aquilo que agora construir, trará os seus frutos.

"Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Ou seja, sem estar a fazer advinhação. Isto significa, transmitir a verdade sem fazer advinhações do futuro, pois este depende de cada um de nós e não está consumado. Existem, eventualmente, possibilidades de algo acontecer mas, em grande parte, está dependente das nossas resoluções e, por isso, é uma incógnita, para terceiros.

“Aquela era a ideia dos judeus, ao tempo de Jesus.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Jesus, já na sua época, transmitiu esta ideia mas, por outro lado, encontrou a incompreensão dos homens.

“869. Com que fim o futuro se conserva oculto ao homem?”
“- Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não trabalharia com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência.”
“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec

Temos, assim, liberdade de ação, dentro das possibilidades que nos são apresentadas.

“Quando levaram Jesus à presença do sumo sacerdote Caifás, os escribas e os anciães, reunidos, cuspiram-lhe no rosto, deram-lhe socos e bofetadas, dizendo: “Cristo, profetiza para nós e diz quem foi que te bateu.” Entretanto, deu-se o caso de haver profetas que tiveram a previsão do futuro, quer por intuição, quer por providencial revelação, a fim de transmitirem avisos aos homens.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Os Espíritos podem em circunstâncias pontuais, fazer avisos concretos, contudo eles não nos apontam caminhos objectivamente.
Podem convidar-nos a refletir, antes de agir, dando-nos, assim, espaço para não nos precipitarmos no agir ou no não agir (o não agir, por vezes, também tem consequências).

“Tendo-se realizado os acontecimentos preditos, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos atributos da qualidade de profeta.”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo XXI “Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas”

Gerou-se o equívoco do qual o homem abusou.
Como em vários aspectos da vida, o homem aproveitou-se desta situação, atribuindo aos profetas algo que eles não têm que é a possibilidade de advinhar o futuro.
O futuro depende de nós, seja individual ou coletivamente pois depende dos procedimentos de cada um.
Não é possível prever um desfecho de uma situação uma vez que, a título de exemplo, a nossa conduta pode alterá-la.

“O nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses
progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da habitação guarda relação com o do habitante.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XXIII “São chegados os tempos”

Por isso é necessário prudência com aqueles que dizem que vai acontecer algo em determinado momento, uma vez que tudo isso está também dependente do livre-arbítrio.

Ora, aqueles que se permitem ser profetas mas das trevas, predizem datas, momentos concretos de cataclismos mas qual de nós poderia tomar a liberdade de adoptar esta postura se até os Espíritos desencarnados estão condicionados às nossas ações e determinações?
Uma decisão nossa compromete os planos deles.
Acaso existem modificações profundas sem abalos, igualmente, intensos?

“Esses movimentos, subordinados, quanto às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XXIII “São chegados os tempos”

Caminhamos de tal forma alheados de nós, à nossa volta e do objectivo que nos trouxe à encarnação que canalizamos as energias para a descoberta do futuro e do passado remoto.
Para além da inutilidade que esse comportamento representa, esquecemo-nos, igualmente, do momento presente, que está a ocorrer e que construirá o nosso futuro.

“Quando, por conseguinte, a humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XXIII “São chegados os tempos”

“Deus, pois, vela incessantemente pela execução de suas leis e os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros, encarregados de atender aos pormenores, dentro de atribuições que correspondem ao grau de adiantamento que tenham alcançado.”

"Ele envia despertadores, para que os homens acordem para a sua verdadeira condição de Espíritos Imortais.
Esses despertadores que trazem ideias mais ampliadas, renovam-se de tempos a tempos e de acordo com o grau de desenvolvimento dos homens de cada época.
É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais.
Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da humanidade.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XXIII “São chegados os tempos”

São as revoluções morais!
Estamos a contribuir para que estas revoluções morais encontrem espaço? O que estamos a fazer com o Espiritismo, por exemplo?
Que mudanças está ele a operar em nós?
Não esqueçamos a responsabilidade que temos com aqueles que sabem que já estamos a abraçar a Doutrina Espírita.
Eles observam-nos e conhecem o Espiritismo através dos nossos actos.

“Tornada adulta, a humanidade tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio com que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para dar-lhe felicidade; já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente com direito. Despoja-se, em consequência, das faixas infantis e lança-se, impelida por irresistível força, para as margens desconhecidas, em busca de novos horizontes menos limitados. É a um desses períodos de transformação, ou, se o preferirem, de crescimento moral, que ora chega a humanidade.”
“A Génese”, Allan Kardec – Capítulo XXIII “São chegados os tempos”

"Nos instantes livres..."


"Nos instantes livres, quando o trabalho vos deixa o repouso, procurai aquele que sofre, moral ou corporalmente; a um dai esta força que consola e fortalece o Espírito, a outro dai aquilo que sustenta e faz calar, seja a apreensão da mãe cujos braços estão desocupados, seja o lamento da criança que pede pão."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Janeiro de 1863

quinta-feira, 30 de julho de 2020

SONO: ENQUANTO O CORPO REPOUSA, PARA ONDE VAI O ESPÍRITO?



SONO:
ENQUANTO O CORPO REPOUSA, PARA ONDE VAI O ESPÍRITO?

"O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, idéias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade. Mas, como se dá com o presidiário perverso, acontece que nem sempre o Espírito aproveita dessa hora de liberdade para seu adiantamento. Se conserva instintos maus, em vez de procurar a companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai visitar os lugares onde possa dar livre curso aos seus pendores. Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade."

"O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec

"Somente uma beleza existe e uma única perfeição..."


"Somente uma beleza existe e uma única perfeição: Deus. Fora dele, tudo o que adornarmos com esses atributos não passa de pálido reflexo do belo único, de um aspecto harmonioso das mil e uma harmonias da Criação."

"Obras Póstumas", Allan Kardec

quarta-feira, 29 de julho de 2020

"Que vossa mão alivie e cure, mas, também, possa a voz..."


"Que vossa mão alivie e cure, mas, também, possa a voz do coração apresentar delicadamente o óbolo que penosamente pode ferir o amor-próprio do homem bem educado. É preciso dar, repito, mas saber dar."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Janeiro de 1863

terça-feira, 28 de julho de 2020

ALLAN KARDEC, DE PESTALOZZI A HERCULANO PIRES


ALLAN KARDEC, DE PESTALOZZI A HERCULANO PIRES

Pestalozzi nasceu em Zurique, na Suiça, no dia 12 de Janeiro de 1746.
Para o mundo, era mais uma vida física. Contudo, Deus orientava para planos Maiores esta existência de 81 primaveras uma vez que desencarnou em 17 de Fevereiro de 1827, em Brugg.
Pestalozzi trouxe-nos um novo conceito de pedagogia, alicerçada no Amor e, a dada altura, foi-lhe confiada, a educação de Allan Kardec.
Esta influência teve um papel fulcral no trabalho que o nobre codificador teve, ao trazer à humanidade, encarnada e desencarnada, a Doutrina Espírita: o maior tratado de educação pelo Amor.
Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido por Allan Kardec, no meio espírita, uma vez que utilizou este pseudónimo no trabalho que desenvolveu no Espiritismo, nasceu a 3 de Outubro de 1804, em Lyon, na França.
Foi o codificador da Doutrina Espírita mas não podemos relegá-lo apenas a esse papel uma vez que seria muito redutor.
Para além disso, o seu nome era respeitado muito antes que ele imortalizasse o nome de Allan Kardec. Desencarnou a 31 de Março de 1869, em Paris.
José Herculano Pires, nasceu na cidade de Avaré, no estado de São Paulo, no Brasil, a 25 de Setembro de 1914 e desencarnou em São Paulo, em 09 de Março de 1979. Curiosamente com a mesma idade que Allan Kardec (65 anos).
Após desencarnar, Herculano Pires continua presente pela sua obra, pela nobreza moral e pela defesa da Doutrina Espírita.
O que é que cada um deles deixou, efetivamente, em nós?
Pestalozzi, como professor e pedagogo, criou o Método Intuitivo Pestalozzi.
Era, também, defensor da diversidade e individualidade.
Adaptava o seu método consoante as necessidades de cada aluno. As crianças não eram comparadas umas com as outras.
Não havia testes. O acompanhamento era contínuo e a parte da noite era dedicada a reflexões evangélicas.
Em suma, olhava para o aluno de forma integral e individual.
“Naquela manhã de 1815, a Mãe de Denizard, apreensiva, ajeitava o casaco ao filho.
No plano físico, era apenas mais um aluno que chegava ao Instituto de Yverdon, mas, na esfera espiritual, os Espíritos que acompanhavam o menino Denizard faziam a entrega solene do pequeno trabalhador de Jesus à equipa que assessorava Pestalozzi.”
Diz-nos Walter Oliveira Alves, na sua obra "Pestalozzi", que assim se cruzavam Pestalozzi e Allan Kardec.
O exímio codificador tinha, então, 11 anos.
Em “Dimensões Espirituais do Centro Espírita”, de Suelly Caldas Schubert, vemos que as bases que Pestalozzi legou em Kardec, foram
imprescindíveis para o êxito da missão deste último, no Espiritismo.
“O lema: Trabalho, Solidariedade e Tolerância seria adaptado pelo Codificador a partir da tríade de Pestalozzi, emérito educador, que afirmara ser o êxito da educação consequência de três elementos básicos: Trabalho, Solidariedade e Perseverança.”
Finalmente vamos falar de José Herculano Pires e para esse efeito, vejamos o que nos é dito num artigo da Fundação Maria Virgínia e José Herculano Pires:
"Espírita desde os 22 anos, não poupou esforço na divulgação falada e escrita da Doutrina codificada por Allan Kardec, tarefa essa à qual dedicou a maior parte da sua vida.
Durante 20 anos, manteve uma coluna diária sobre Espiritismo nos “Diários Associados”, com o pseudónimo de Irmão Saulo.
Durante quatro anos manteve, no mesmo jornal, uma coluna em parceria com Chico Xavier sob o título «Chico Xavier pede licença».”
Diz-nos o próprio, na obra “José Herculano Pires o apóstolo de Kardec”, de Jorge Rizzini:
"Foi numa fase de incerteza, quando eu já estava aceitando, praticamente, o materialismo, que me caiu nas mãos o “O Livro dos Espíritos”. E nesse livro eu encontrei, realmente, aquilo que procurava.”
A partir daí, foi um incansável fiel seguidor de Jesus e defensor da Doutrina Espírita.
Emmanuel, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, intitulou José Herculano Pires como: “o metro que melhor mediu Kardec”.
Colocava a pureza doutrinária, acima das instituições e dos homens.
Estes três homens, cada um de sua forma, deram um grande contributo para o trabalho e divulgação do Espiritismo.
Se Pestalozzi contribuiu para a preparação de Kardec, foi José Herculano Pires, fielmente, já sem Kardec, na Terra, que se preocupou com a divulgação e vivência da Doutrina Espírita.
Mostra-nos a obra "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec que: “Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de uma região desconhecida não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito.”
Os três conheceram os perigos do caminho e conseguiram superá-los, logrando êxito.
Ainda na obra supracitada:
“A sublimidade da virtude está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto.”
Qualquer um dos três foi bom exemplo deste grandioso princípio.
“Busque-se o lado útil e santo da tarefa e que a esperança seja a lâmpada acesa no caminho."
“Vinha de Luz”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier
Com gratidão pelo trabalho que prestaram em prol de todos, que eles sejam para nós um exemplo a seguir e que sintam essa gratidão que o nosso coração nutre pela grandeza dos seus Espíritos.

"Belo, realmente belo..."


"Belo, realmente belo só é o que o é sempre e para todos; e essa beleza eterna, infinita, é a manifestação divina em seus aspectos incessantemente variados; é Deus em suas obras e nas suas leis! Eis aí a única beleza absoluta. É a harmonia das harmonias e tem direito ao título de absoluta, porque nada de mais belo se pode conceber."

"Obras Póstumas", Allan Kardec

segunda-feira, 27 de julho de 2020

"Enquanto restarem preconceitos..."


"Enquanto restarem preconceitos a derrubar, restarão abusos e interessados nos abusos."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Janeiro de 1863

domingo, 26 de julho de 2020

Perda e suspensão da mediunidade


PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE:

"220. A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões temporárias, quer para as manifestações físicas, quer para a escrita. Damos a seguir as respostas que obtivemos dos Espíritos a algumas perguntas feitas sobre este ponto:

1.a) Podem os médiuns perder a faculdade que possuem?

“Isso frequentemente acontece, qualquer que seja o gênero da faculdade. Mas também, muitas vezes, apenas se verifica uma interrupção passageira, que cessa com a causa que a produziu.”

2. a) Estará no esgotamento do fluido a causa da perda da mediunidade?

“Seja qual for a faculdade que o médium possua, ele nada pode sem o concurso simpático dos Espíritos. Quando nada mais obtém, nem sempre é porque lhe falta a faculdade; isso não raro se dá porque os Espíritos não mais querem, ou podem, servir-se dele.”

3.a) Que é o que pode causar o abandono de um médium por parte dos Espíritos?

“O que mais influi para que assim procedam os bons Espíritos é o uso que o médium faz da sua faculdade. Podemos abandoná-lo, quando dela se serve para coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos; quando se nega a transmitir as nossas palavras, ou os fatos por nós produzidos, aos encarnados que para ele apelam, ou que têm necessidade de ver para se convencerem. Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para o fim da sua melhora espiritual e para dar a conhecer aos homens a verdade. Se o Espírito verifica que o médium já não corresponde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno.”

4. a) Não pode o Espírito que se afasta ser substituído e, neste caso, não se conceberia a suspensão da faculdade?

“Espíritos não faltam que outra coisa não desejam senão comunicar-se e que, portanto, estão sempre prontos a substituir os que se afastam; mas, quando o que abandona o médium é um Espírito bom, pode suceder que o seu afastamento seja apenas temporário, para privá-lo, durante certo tempo, de toda comunicação, a fim de lhe provar que a sua faculdade não depende dele, médium, e que, assim, razão não há para dela se vangloriar.

Essa impossibilidade temporária também serve para dar ao médium a prova de que ele escreve sob uma influência estranha, pois, de outro modo, não haveria intermitências.

“Em suma, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição; demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium, a quem consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julgou necessitado, caso em que não permite que outros Espíritos o substituam.”

5.a) Veem-se, no entanto, médiuns de muito mérito, moralmente falando, que nenhuma necessidade de repouso sentem e que muito se contrariam com essas interrupções, cujo fim lhes escapa.

“Servem para lhes pôr a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo, em geral, assinam à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium descoroçoa. É também para lhe dar tempo de meditar as instruções recebidas. Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações.”

6. a) Será preciso, então, que, nesse caso, o médium prossiga nas suas tentativas para escrever?

“Se o Espírito lhe aconselhar isto, deve; se lhe disser que se abstenha, não deve.”

7. a) Haveria meio de abreviar essa prova?

“A resignação e a prece. Demais, basta que faça cada dia uma tentativa de alguns minutos, visto que inútil lhe será perder o tempo em ensaios infrutíferos. A tentativa só deve ter por fim verificar se já recobrou, ou não, a faculdade.”

8. a) A suspensão da faculdade não implica o afastamento dos Espíritos que habitualmente se comunicam?

“De modo algum. O médium se encontra então na situação de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, por isso, não deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitada de os ver. Portanto, o médium pode e até mesmo deve continuar a comunicar-se pelo pensamento com seus Espíritos familiares e persuadir-se de que é ouvido. Se é certo que a falta da mediunidade pode privá-lo das comunicações ostensivas com certos Espíritos, também certo é que não o pode privar das comunicações morais.”

9. a) Assim, a interrupção da faculdade mediúnica nem sempre traduz uma censura da parte do Espírito?

“Não, sem dúvida, pois que pode ser uma prova de benevolência.”

10. a ) Por que sinal se pode reconhecer a censura nesta interrupção?

“Interrogue o médium a sua consciência e inquira de si mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem resultado para os outros, que proveito há tirado dos conselhos que se lhe têm dado e terá a resposta.”

11. a) O médium que ficou impossibilitado de escrever poderá recorrer a outro médium?

“Depende da causa da interrupção, que tem por fim, amiúde, deixar-vos algum tempo sem comunicações, depois de vos terem dado conselhos, a fim de que vos não habitueis a nada fazer senão com o nosso concurso. Se este for o caso, ele nada obterá recorrendo a outro médium, o que também ocorre com o fim de vos provar que os Espíritos são livres e que não está em vossas mãos obrigá-los a fazer o que queirais. Ainda por esta razão é que os que não são médiuns nem sempre recebem todas as comunicações que desejam.”

Nota - Deve-se efetivamente observar que aquele que recorre a terceiro para obter comunicações, não obstante a qualidade do médium, muitas vezes nada de satisfatório consegue, ao passo que doutras vezes as respostas são muito explícitas. Isso tanto depende da vontade do Espírito, que nada adianta se mudar de médium. Os próprios Espíritos como que dão, a esse respeito, uns aos outros a palavra de ordem, porquanto o que não se obtiver de um, de nenhum mais se obterá. Cumpre então que nos abstenhamos de insistir e de impacientar-nos, se não quisermos ser vítimas de Espíritos enganadores, que responderão, dado procuremos à viva força uma resposta, deixando os bons que eles o façam, para nos punirem a insistência.

12. a) Com que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?

“É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens.”

13. a) Entretanto, médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas faculdades.

“São médiuns imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida.”

14. a) Se é uma missão, como se explica que não constitua privilégio dos homens de bem e que semelhante faculdade seja concedida a pessoas que nenhuma estima merecem e que dela podem abusar?

“A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as consequências. Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que não tem?”

15. a) As pessoas que desejam muito escrever como médiuns, e que não o conseguem, poderão concluir daí alguma coisa contra si mesmas, no tocante à benevolência dos Espíritos para com elas?

“Não, pois pode dar-se que Deus lhe haja negado essa faculdade, como negado tenha o dom da poesia ou da música. Porém, se não forem objeto desse favor, podem ter sido de outros.”

16. a) Como pode um homem aperfeiçoar-se mediante o ensino dos Espíritos, quando não tem, nem por si mesmo, nem com o auxílio de outros médiuns, os meios de receber de modo direto esse ensinamento?

“Não tem ele os livros, como tem o cristão o Evangelho? Para praticar a moral de Jesus, não é preciso que o cristão tenha ouvido as palavras ao lhe saírem da boca.”

"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec

"Reconduzindo os homens ao sentimento..."


"Reconduzindo os homens ao sentimento da verdade, o Espiritismo fará renascer as virtudes esquecidas."

"Revista Espírita", Allan Kardec -  Janeiro de 1863

sábado, 25 de julho de 2020

Sou Médium?


SOU MÉDIUM?

Esta é uma pergunta frequente.

Trata-se de um tema que suscita muitas dúvidas, mas também muitos equívocos.

Em "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec esclarece-nos, a este respeito:

"159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes ou psicógrafos."

"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec

"Vivendo mais materialmente que espiritualmente..."


"Vivendo mais materialmente que espiritualmente, o homem não encara as coisas senão do ponto de vista atual e material e, por isso, limitado. Até agora ele ignorou que o papel capital é do Espírito. Ele viu os efeitos, mas não tomou conhecimento da causa, e é por isto que durante tanto tempo desencaminhou-se nas ciências, nas suas instituições e nas suas religiões. Ensinando-lhe a participação do elemento espiritual em todas as coisas do mundo, o Espiritismo alarga o seu horizonte e muda o curso de suas ideias. Ele abre a era do progresso moral."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Agosto de 1864

sexta-feira, 24 de julho de 2020

A VAIDADE




"A VAIDADE"

"A vaidade ainda está muito presente nas motivações humanas, até no relacionamento que mantemos com Deus.

Em Junho de 1860, a "Revista Espírita", de Allan Kardec, traz um artigo a este respeito, que se transcreve para nossa reflexão:

"A vaidade"

(Pela Sra. Leso..., Médium)

"Quero falar-te da vaidade, que se mistura a todas as ações humanas. Ela mancha todos os pensamentos delicados; penetra o coração e o cérebro. Planta má, abafa a bondade em seu germe; todas as qualidades são aniquiladas por seu veneno.

Para lutar contra ela, é preciso usar a prece; só ela nos dá a humildade e a força. Incessantemente, ó homens ingratos, vos esqueceis de Deus. Ele não é para vós senão o socorro implorado na aflição, e jamais o amigo convidado para o banqueteda alegria. Para iluminar o dia, ele vos deu o sol, radiação gloriosa, e para clarear a noite, as estrelas, flores de ouro. Por toda parte, ao lado dos elementos necessários à Humanidade, pôs o luxo necessário à beleza de sua obra. Deus vos tratou como faria um anfitrião generoso que, para receber os convidados, multiplica o luxo de sua morada e a abundância do festim. Que fazeis vós, que tendes apenas o coração para lhe oferecer? Longe de enfeitá-lo de alegria e de virtudes, longe de lhe oferecer as premissas de vossas esperanças, não o desejais, não o convidais a vos penetrar o coração, senão quando o luto e as amargas decepções vos arranharam e feriram. Ingratos! Que esperais para amar vosso Deus? A desgraça e o abandono. Oferecei-lhe antes o vosso coração livre de dores; oferecei-lhe, como homens em pé, e não como escravos de joelhos, vosso amor isento de medo, e na hora do perigo ele se lembrará de vós, que não o esquecestes na hora da felicidade."

GEORGES (Espírito Familiar)

"Se uma doutrina que tem por base..."


"Se uma doutrina que tem por base a caridade e o amor ao próximo que torna melhores os homens e os leva a renunciarem aos hábitos de desordem; que dá fé aos que em nada acreditam; que faz orar os que já não oram, que restabelece as famílias divididas; que impede o suicídio; se, dizíamos, uma tal doutrina é perversa, que serão, pois, daquelas que se tornam impotentes para produzir tais resultados?"

"Revista Espírita", Allan Kardec - Outubro de 1862

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Os momentos de doença são úteis?

      

OS MOMENTOS DE DOENÇA SÃO ÚTEIS?
Todos somos criação de Deus e percorremos um caminho longo na conquista do aperfeiçoamento espiritual, por entre derrotas e vitórias.
Se as vitórias nos enchem de alegria, as derrotas costumam trazer consigo dores e sofrimentos, como consequência.
Nem sempre os momentos de dor ou de sofrimento, nossos ou de outros, são fáceis. Contudo, se ocorrem, alguma causa os produziu, ainda que, no momento, ela não seja lembrada.
Tudo o que Deus permite que aconteça tem um propósito e traz consigo os recursos necessários à vitória em vista. Falamos da vitória do Espírito. Então, para que esta ocorra, somos frequentemente visitados pela prova, pela expiação, através de dificuldades no corpo físico, ou seja, o que habitualmente acontece na doença e suas consequências.
A questão que se coloca é: para quê sofrer, se isso significa, muitas vezes, não só a diminuição ou cessação de atividades úteis e necessárias ao próprio, como o trabalho, podendo mesmo este vir ocasionar adependência de outros?
É que entre muitos outros e inúmeros motivos, não raras vezes, é nesse período que surge a oportunidade de olhar verdadeiramente para si mesmo e modificar, resolvendo e esclarecendo, equívocos, conflitos, problemas , que permitem a pacificação íntima que constrói e eleva.
Por outro lado, para os que partilham e acompanham esses momentos, é tempo de viver o amor ao próximo e talvez, quem sabe, o esquecimento de si mesmo dilatado à grandiosidade da abnegação.
Terminamos com Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
"Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?
Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões?
Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento.
O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro. – S. Luís. (Paris,1860.)

"Bem-aventurados os que cultivam..."


"Bem-aventurados os que cultivam, no santuário da alma, as virtudes que o Cristo lhes veio ensinar."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Fevereiro de 1868

quarta-feira, 22 de julho de 2020

terça-feira, 21 de julho de 2020

Há Espíritos?


HÁ ESPÍRITOS?

Esta é uma questão que poderemos considerar desnecessária, mas não é.
Na verdade, até entre os que estudam o Espiritismo, esta dúvida persiste no íntimo de alguns.

A este propósito, diz-nos Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns":

"1. A dúvida, no que concerne à existência dos Espíritos, tem como causa primária a ignorância acerca da verdadeira natureza deles. Geralmente, são figurados como seres à parte na criação e de cuja existência não está demonstrada a necessidade. Muitas pessoas, mais ou menos como as que só conhecem a História pelos romances, apenas os conhecem pelos contos fantásticos com que foram acalentadas em criança.

Sem indagarem se tais contos, despojados dos acessórios ridículos, encerram algum fundo de verdade, essas pessoas unicamente se impressionam com o lado absurdo que eles revelam. Sem se darem ao trabalho de tirar a casca amarga para achar a amêndoa, rejeitam o todo, como fazem, relativamente à religião, os que, chocados por certos abusos, tudo englobam numa só condenação.

Seja qual for a ideia que dos Espíritos se faça, a crença neles necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da matéria.

Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio. Tomamos, conseguintemente, por ponto de partida, a existência, a sobrevivência e a individualidade da alma, existência, sobrevivência e individualidade que têm no Espiritualismo a sua demonstração teórica e dogmática, e, no Espiritismo, a demonstração positiva. Abstraiamos, por um momento, das manifestações propriamente ditas e, raciocinando por indução, vejamos a que consequências chegaremos.

2. Desde que se admite a existência da alma e sua individualidade após a morte, forçoso é também se admita: 1º , que a sua natureza difere da do corpo, visto que, separada deste, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo; 2º , que goza da consciência de si mesma, pois que é passível de alegria, ou de sofrimento, sem o que seria um ser inerte, caso em que possuí-la de nada nos valeria. Admitido isso, tem-se que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para onde vai?

Segundo a crença vulgar, vai para o Céu ou para o inferno. Mas onde ficam o Céu e o inferno? Dizia-se outrora que o Céu era em cima e o inferno embaixo. Porém, o que são o alto e o baixo no universo, uma vez que se conhecem a esfericidade da Terra, o movimento dos astros, movimento que faz com que o que em dado instante está no alto esteja, 12 horas depois, embaixo, e o infinito do Espaço, através do qual o olhar penetra, indo a distâncias consideráveis? Verdade é que por lugares inferiores também se designam as profundezas da Terra. Mas que vêm a ser essas profundezas, desde que a Geologia as esquadrinhou? Que ficaram sendo, igualmente, as esferas concêntricas chamadas céu de fogo, céu das estrelas, desde que se verificou que a Terra não é o centro dos mundos, que mesmo o nosso Sol não é único, que milhões de sóis brilham no Espaço, constituindo cada um o centro de um turbilhão planetário? A que ficou reduzida a importância da Terra, mergulhada nessa imensidade? Por que injustificável privilégio este quase imperceptível grão de areia, que não avulta pelo seu volume, nem pela sua posição, nem pelo papel que lhe cabe desempenhar, seria o único planeta povoado de seres racionais? A razão se recusa a admitir semelhante nulidade do infinito e tudo nos diz que os diferentes mundos são habitados. Ora, se são povoados, também fornecem seus contingentes para o mundo das almas. Porém, ainda uma vez, que terá sido feito dessas almas, depois que a Astronomia e a Geologia destruíram as moradas que se lhes destinavam e, sobretudo, depois que a teoria, tão racional, da pluralidade dos mundos as multiplicou ao infinito?

Não podendo a doutrina da localização das almas harmonizar-se com os dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes assina por domínio, não um lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal: formam elas um mundo invisível, no qual vivemos imersos, que nos cerca e acotovela incessantemente. Haverá nisso alguma impossibilidade, alguma coisa que repugne à razão? De modo nenhum; tudo, ao contrário, nos afirma que não pode ser de outra maneira.

Mas, então, que vem a ser das penas e recompensas futuras, desde que se lhes suprimam os lugares especiais onde se efetivem? Notai que a incredulidade com relação a tais penas e recompensas provém geralmente de serem umas e outras apresentadas em condições inadmissíveis. Dizei, em vez disso, que as almas tiram de si mesmas a sua felicidade ou a sua desgraça; que a sorte lhes está subordinada ao estado moral; que a reunião das que se votam mútua simpatia e são boas representa para elas uma fonte de ventura; que, de acordo com o grau de purificação que tenham alcançado, penetram e entreveem coisas que almas grosseiras não distinguem, e toda gente compreenderá sem dificuldade. Dizei mais que as almas não atingem o grau supremo, senão pelos esforços que façam por se melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua purificação; que os anjos são almas que galgaram o último grau da escala, grau que todas podem atingir, tendo boa vontade; que os anjos são os mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o universo, que se sentem ditosos com o desempenho dessas missões gloriosas, e lhes tereis dado à felicidade um fim mais útil e mais atraente, do que fazendo-a consistir numa contemplação perpétua, que não passaria de perpétua inutilidade. Dizei, finalmente, que os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da perfeição, e isto parecerá mais conforme à justiça e à bondade de Deus do que a doutrina que os dá como criados para o mal e ao mal destinados eternamente. Ainda uma vez: aí tendes o que a mais severa razão, a mais rigorosa lógica, o bom senso, em suma, podem admitir.

Ora, essas almas que povoam o Espaço são precisamente o a que se chama Espíritos. Assim, pois, os Espíritos não são senão as almas dos homens despojadas do invólucro corpóreo. Mais hipotética lhes seria a existência, se fossem seres à parte. Se, porém, se admitir que há almas, necessário também será se admita que os Espíritos são simplesmente as almas e nada mais. Se se admite que as almas estão por toda parte, ter-se-á que admitir, do mesmo modo, que os Espíritos estão por toda parte. Possível, portanto, não fora negar a existência dos Espíritos sem negar a das almas.

3. Isto não passa, é certo, de uma teoria mais racional do que a outra. Porém, já é muito que seja uma teoria que nem a razão nem a ciência repelem. Acresce que, se os fatos a corroboram, tem ela por si a sanção do raciocínio e da experiência. Esses fatos se nos deparam no fenômeno das manifestações espíritas, que, assim, constituem a prova patente da existência e da sobrevivência da alma. Muitas pessoas há, entretanto, cuja crença não vai além desse ponto; que admitem a existência das almas e, c ­ onseguintemente, a dos Espíritos, mas que negam a possibilidade de nos comunicarmos com eles, pela razão, dizem, de que seres imateriais não podem atuar sobre a matéria. Esta dúvida assenta na ignorância da verdadeira natureza dos Espíritos, dos quais em geral fazem ideia muito falsa, supondo-os erradamente seres abstratos, vagos e indefinidos, o que não é real.

Figuremos, primeiramente, o Espírito em união com o corpo. Ele é o ser principal, pois que é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um acessório seu, de um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Além desse invólucro material, tem o Espírito um segundo, semimaterial, que o liga ao primeiro. Por ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de perispírito. Esse invólucro semimaterial, que tem a forma humana, constitui para o Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invisível no seu estado normal, não deixa de ter algumas das propriedades da matéria. O Espírito não é, pois, um ponto, uma abstração; é um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas onde encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarefeitos fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a eletricidade? Não é exato que a luz, imponderável, exerce ação química sobre a matéria ponderável? Não conhecemos a natureza íntima do perispírito. Suponhamo-lo, todavia, formado de matéria elétrica, ou de outra tão sutil quanto esta; por que, quando dirigido por uma vontade, não teria propriedade idêntica à daquela matéria?

4. A existência da alma e a de Deus, consequência uma da outra, constituem a base de todo o edifício. Antes de travarmos qualquer discussão espírita, importa indaguemos se o nosso interlocutor admite essa base.Se a estas questões:

Credes em Deus?
Credes que tendes uma alma?
Credes na sobrevivência da alma após a morte?
responder negativamente, ou, mesmo, se disser simplesmente: Não sei; desejara que assim fosse, mas não tenho a certeza disso, o que, quase sempre, equivale a uma negação polida, disfarçada sob uma forma menos categórica, para não chocar bruscamente o a que ele chama preconceitos respeitáveis, tão inútil seria ir além, como querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz. Porque, em suma, as manifestações espíritas não são mais do que efeitos das propriedades da alma. Com semelhante interlocutor, se se não quiser perder tempo, ter-se-á que seguir muito diversa ordem de ideias.

Admitida que seja a base não como simples probabilidade, mas como coisa averiguada, incontestável, dela muito naturalmente decorrerá a existência dos Espíritos.

5. Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode com este trocar ideias. Por que não? Que é o homem senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?

Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha? Enquanto vivo, não atuava ele sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?

6. Abstraiamos, por instante, dos fatos que, ao nosso ver, tornam incontestável a realidade dessa comunicação; admitamo-la apenas como hipótese. Pedimos aos incrédulos que nos provem, não por simples negativas, visto que suas opiniões pessoais não podem constituir lei, mas expendendo razões peremptórias, que tal coisa não pode dar-se. Colocando-nos no terreno em que eles se colocam, uma vez que entendem de apreciar os fatos espíritas com o auxílio das leis da matéria, que tirem desse arsenal qualquer demonstração matemática, física, química, mecânica, fisiológica e provem por a mais b, partindo sempre do princípio da existência e da sobrevivência da alma:

1º que o ser pensante, que existe em nós durante a vida, não mais pensa depois da morte;
2º que, se continua a pensar, está inibido de pensar naqueles a quem amou;
3º que, se pensa nestes, não cogita de se comunicar com eles;
4º que, podendo estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;
5º que, podendo estar ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;
6º que não pode, por meio do seu envoltório fluídico, atuar sobre a matéria inerte;
7º que, sendo-lhe possível atuar sobre a matéria inerte, não pode atuar sobre um ser animado;
8º que, tendo a possibilidade de atuar sobre um ser animado, não lhe pode dirigir a mão para fazê-lo escrever;
9º que, podendo fazê-lo escrever, não lhe pode responder às perguntas, nem lhe transmitir seus pensamentos.

Quando os adversários do Espiritismo nos provarem que isto é impossível, aduzindo razões tão patentes quais as com que Galileu demonstrou que o Sol não é que gira em torno da Terra, então poderemos considerar-lhes fundadas as dúvidas. Infelizmente, até hoje, toda a argumentação a que recorrem se resume nestas palavras: Não creio, logo isto é impossível. Dir-nos-ão, com certeza, que cabe a nós provar a realidade das manifestações. Ora, nós lhes damos, pelos fatos e pelo raciocínio, a prova de que elas são reais. Mas, se não admitem nem uma nem outra coisa, se chegam mesmo a negar o que veem, toca-lhes a eles provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis."

"Reservar-se o direito de atacar e não admitir resposta..."


"Reservar-se o direito de atacar e não admitir resposta é um meio cómodo de ter razão; resta saber se é o de chegar à verdade."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Outubro de 1862

segunda-feira, 20 de julho de 2020

"Cada um de nós tem sua missão providencial..."


"Cada um de nós tem sua missão providencial na grande rede humana e concorre para a obra comum, na sua esfera de atividade."

"Obras Póstumas", Allan Kardec

domingo, 19 de julho de 2020

Perda prematura de pessoas amadas


PERDA PREMATURA DE PESSOAS AMADAS

Todos os dias, muitas famílias são confrontadas com a perda física de seres amados, indistintamente da idade que estes têm.
A grande maioria de nós não está preparada para a ausência física de quem muito ama e com quem ainda pensava viver muitos sonhos. Incluamos aqui, de igual modo, os que acreditam na imortalidade, pois a gestão íntima da saudade é um grande desafio diário.
Diz-se que a desencarnação de um filho é, frequentemente, a maior aflição experimentada quando estamos encarnados, mas cada um vive a perda física e a saudade de modo próprio e um irmão, um pai, uma mãe, um avô, uma avó e tantos outros laços, consaguíneos ou não, também podem levar qualquer um de nós a senti-la profundamente.

O que nos diz a Doutrina Espírita, a este respeito?

Reflitamos acerca do que nos diz Sanson, através de Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e que isso traga conforto e esperança, confiantes de que o amor prossegue:

"Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais novos antes dos mais velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.

Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra."

"Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?"

"Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu." – Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)

"Se fosse possível pôr em evidência..."


"Se fosse possível pôr em evidência o imenso mecanismo que o pensamento aciona e os efeitos que produz, de um indivíduo para outro, de um grupo para outro, e enfim da ação universal dos pensamentos dos homens, uns sobre os outros, o Homem ficaria deslumbrado!"

"Obras Póstumas", Allan Kardec

sábado, 18 de julho de 2020

Em que momento começa uma nova existência do Espírito, num novo corpo?


EM QUE MOMENTO COMEÇA UMA NOVA EXISTÊNCIA DO ESPÍRITO, NUM NOVO CORPO?

Muito se tem discutido acerca de quando há vida, quando ainda não é vida, qual o momento em começa uma nova existência física.

O desconhecimento, a este respeito, tem conduzido a muitos sofrimentos, em ambos os planos da existência.

Afinal, em que momento começa essa ligação, ou seja, a partir de quando há vida do Espírito num novo corpo?

A questão 344, de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, esclarece-nos:

"344 - Em que momento a alma se une ao corpo?

“ - A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento.
Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz.
O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

"Cabe-vos a felicidade de semear..."


"Cabe-vos a felicidade de semear entre vossos irmãos aquele grão tão precioso, que ignoramos em nossa existência terrena: o Espiritismo."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Novembro de 1862

sexta-feira, 17 de julho de 2020

quinta-feira, 16 de julho de 2020

A Obsessão


OBSESSÃO

A obsessão pode apresentar-se, consoante as suas características:
- Obsessão Simples;
- Subjugação;
- Fascinação.

Pode ocorrer:

- Entre encarnados;
- De desencarnado para encarnado;
- De encarnado para desencarnado;
- Entre desencarnados.

Allan Kardec deixou-nos importantes esclarecimentos a este respeito, em toda a sua obra e , especialmente nas seguintes:
- "O Livro dos Espíritos";
- "O Livro dos Médiuns";
- "A Génese";
- "Revista Espírita";
- "A Obsessão".

"É possível que certas pessoas..."


"É possível que certas pessoas preferissem uma receita mais fácil para expulsar os Espíritos maus; algumas palavras a dizer, ou sinais a fazer, por exemplo, o que seria mais cómodo do que corrigir os próprios defeitos. Lamentamos bastante, mas não conhecemos processo mais eficaz para vencer um inimigo do que ser mais forte que ele. Quando estamos doentes, temos de nos resignar a tomar remédios, por mais amargos que sejam. Mas, também, quando tivemos a coragem de tomá-los, como nos sentimos bem e ficamos fortes! Devemos, pois, persuadir-nos de que, para alcançar tal objetivo, não há palavras sacramentais, nem fórmulas, nem talismãs, nem sinais materiais quaisquer."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Dezembro de 1862

quarta-feira, 15 de julho de 2020

"Alguns Espíritos tomam às vezes nomes de..."


"Alguns Espíritos tomam às vezes nomes de empréstimo e adotam o estilo e as formas de dizer de outro, para alcançarem a confiança dos médiuns e conseguirem penetrar nos grupos. Que haveria de impossível que a um Espírito orgulhoso aprouvesse tomar a forma da imperatriz Elisabeth e sentar-se no seu trono, a fim de dar vã satisfação aos seus sonhos ambiciosos?"

"Obras Póstumas", Allan Kardec

terça-feira, 14 de julho de 2020

Nas indecisões da vida


NAS INDECISÕES DA VIDA

"Quando estamos indecisos sobre o fazer ou não fazer uma coisa, devemos antes de tudo propor-nos a nós mesmos as questões seguintes:
1ª – Aquilo que eu hesito em fazer pode acarretar qualquer prejuízo a outrem?
2ª – Pode ser proveitoso a alguém?
3ª – Se agissem assim comigo, ficaria eu satisfeito?

Se o que pensamos fazer, somente a nós nos interessa, lícito nos é pesar as vantagens e os inconvenientes pessoais que nos possam advir. Se interessa a outrem e se, resultando em bem para um, redundará em mal para outro, cumpre, igualmente, pesemos a soma de bem ou de mal que se produzirá, para nos decidirmos a agir, ou a abster-nos. Enfim, mesmo em se tratando das melhores coisas, importa ainda consideremos a oportunidade e as circunstâncias concomitantes, porquanto uma coisa boa, em si mesma, pode dar maus resultados em mãos inábeis, se não for conduzida com prudência e circunspecção. Antes de empreendê-la, convém consultemos as nossas forças e meios de execução. Em todos os casos, sempre podemos solicitar a assistência dos nossos Espíritos protetores, lembrados desta sábia advertência: Na dúvida, abstém-te."

"O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec