sábado, 13 de março de 2021

HÁ DEMÓNIOS?

HÁ DEMÓNIOS?

A obra "O Céu e o Inferno", de Allan Kardec, aborda esta temática, num capítulo dedicado a este assunto.
"Durante muito tempo o homem não compreendeu senão o bem e o mal físicos; o sentimento do bem moral e do mal moral assinalou um progresso na inteligência humana; somente então o homem entreviu a espiritualidade, e compreendeu que o poder sobre-humano está fora do mundo visível, e não nas coisas materiais. Isso foi obra de algumas inteligências de elite, mas que não puderam, contudo, ultrapassar certos limites.
Como se via uma luta incessante entre o bem e o mal, e o mal frequentemente levar vantagem; que, por outro lado, não se podia racionalmente admitir que o mal fosse obra de um poder benéfico, concluiu-se daí pela existência de dois poderes rivais governando o mundo. Daí nasceu a doutrina dos dois princípios: o do bem e o do mal, doutrina lógica para aquela época, pois o homem ainda era incapaz de conceber outra, e de penetrar a essência do Ser supremo. Como poderia ele ter compreendido que o mal não é mais do que um estado momentâneo do qual pode sair o bem, e que os males que o afligem devem conduzi-lo à bem-aventurança ajudando no seu avanço? Os limites de seu horizonte moral não lhe permitem ver nada fora da vida presente, nem adiante, nem para trás; ele não podia compreender que progredira, nem que progrediria ainda individualmente, e ainda menos que as vicissitudes da vida são o resultado da imperfeição do ser espiritual que está nele, que preexiste e sobrevive ao corpo, e se purifica numa série de existências, até que tenha atingido a perfeição. Para compreender o bem que pode sair do mal, não se deve ver apenas uma existência; é preciso abarcar o conjunto: somente então aparecem as verdadeiras causas e seus efeitos."
"O duplo princípio do bem e do mal foi, durante longos séculos e sob diferentes nomes, a base de todas as crenças religiosas. Foi personificado sob os nomes de Oromaz e de Arimã entre os persas, de Jeová e de Satã entre os hebreus. Mas, como todo soberano deve ter ministros, todas as religiões admiram poderes secundários, gênios bons ou maus. Os pagãos personificaram-nos sob uma multidão de individualidades tendo cada qual atribuições especiais para o bem e para o mal, para os vícios e para as virtudes, e às quais deram o nome geral de deuses. Os cristãos e os muçulmanos receberam dos hebreus os anjos e os demônios."
"O Céu e o Inferno", Allan Kardec

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