quarta-feira, 31 de março de 2021

NECESSIDADES: REAIS OU FICTÍCIAS?

NECESSIDADES:

REAIS OU FICTÍCIAS?
Como saber se se trata de uma ou de outra possibilidade?
"O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, ajuda-nos a refletir acerca desta temática.
"715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?"
“Aquele que é sábio o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”
"716. Mediante a organização física que nos deu, não traçou a natureza o limite das nossas necessidades?"
“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”
"717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?"
“Desprezam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”
Comentário de Allan Kardec:
"Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A civilização criou necessidades que o selvagem desconhece. Os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara."
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

terça-feira, 30 de março de 2021

DOUTRINA ESPÍRITA: UMA NOVA VISÃO DE DEUS

DOUTRINA ESPÍRITA:

UMA NOVA VISÃO DE DEUS

Na obra "A Génese", de Allan Kardec, encontramos a visão que o Espiritismo nos traz acerca de Deus. 

"A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo, de Moisés; o Deus cruel e implacável, que rega a terra com o sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, e que castiga aqueles que poupam as vítimas; já não é o Deus injusto, que pune um povo inteiro pela falta do seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere os filhos pelas faltas dos pais; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras. Já não é o Deus de um único povo privilegiado, o Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos; mas, o Pai comum do gênero humano, que estende a sua proteção por sobre todos os seus filhos e os chama todos a si; já não é o Deus que recompensa e pune só pelos bens da Terra, que faz consistir a glória e a felicidade na escravidão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura, mas, sim, um Deus que diz aos homens: “A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.” Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho, dente por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz: “Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.” Já não é o Deus mesquinho e meticuloso, que impõe, sob as mais rigorosas penas, o modo como quer ser adorado, que se ofende pela inobservância de uma fórmula; mas, o Deus grande, que vê o pensamento e que se não honra com a forma. Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.

Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme à ideia que elas dão de Deus. As religiões que fazem de Deus um ser vingativo e cruel julgam honrá-lo com atos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e ninharias humanas.

Toda a doutrina do Cristo se funda no caráter que ele atribui à Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, ele fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição indeclinável da salvação, dizendo: Amai a Deus sobre todas as coisas e o vosso próximo como a vós mesmos; nisto estão toda a lei e os profetas; não existe outra lei. Sobre esta crença, assentou o princípio da igualdade dos homens perante Deus e o da fraternidade universal. Mas, fora possível amar o Deus de Moisés? Não; só se podia temê-lo.

A revelação dos verdadeiros atributos da Divindade, de par com a da imortalidade da alma e da vida futura, modificava profundamente as relações mútuas dos homens, impunha-lhes novas obrigações, fazia-os encarar a vida presente sob outro aspecto e tinha, por isso mesmo, de reagir contra os costumes e as relações sociais. É esse incontestavelmente, por suas consequências, o ponto capital da revelação do Cristo, cuja importância não foi compreendida suficientemente e, contrista dizê-lo, é também o ponto de que mais a Humanidade se tem afastado, que mais há desconhecido na interpretação dos seus ensinos."

"A Génese", Allan Kardec

segunda-feira, 29 de março de 2021

TELEGRAFIA HUMANA

TELEGRAFIA HUMANA

Importante tema, inserido por Allan Kardec na obra "O Livro dos Médiuns":
"285. Telegrafia humana
58a Evocando-se reciprocamente, poderiam duas pessoas transmitir de uma a outra seus pensamentos e corresponder-se?
“Certamente, e essa telegrafia humana será um dia um meio universal de correspondência.”
a) Por que não será praticada desde já?
“É praticável para certas pessoas, mas não para toda gente. Preciso é que os homens se depurem, a fim de que seus Espíritos se desprendam da matéria e isso constitui uma razão a mais para que a evocação se faça em nome de Deus. Até lá, continuará circunscrita às almas de escol e desmaterializadas, o que raramente se encontra nesse mundo, dado o estado dos habitantes da Terra.”

domingo, 28 de março de 2021

MEDIUNIDADE: AQUELE QUE SE EXALÇAR SERÁ HUMILHADO

MEDIUNIDADE:

AQUELE QUE SE EXALÇAR SERÁ HUMILHADO
Em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec, encontramos uma dissertação espírita, do Espírito Verdade, que nos desta questão:
"Todos os médiuns são, incontestavelmente, chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não se deixem prender nas armadilhas do amor-próprio. É uma pedra de toque, que raramente deixa de produzir efeito. Assim é que, sobre cem médiuns, um, se tanto, encontrareis que, por muito ínfimo que seja, não se tenha julgado, nos primeiros tempos da sua mediunidade, fadado a obter coisas superiores e predestinado a grandes missões. Os que sucumbem a essa vaidosa esperança, e grande é o número deles, se tornam inevitavelmente presas de Espíritos obsessores, que não tardam a subjugá-los, lisonjeando-lhes o orgulho e apanhando-os pelo seu fraco. Quanto mais pretenderem eles elevar-se, tanto mais ridícula lhes será a queda, quando não desastrosa.
As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo os coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar concurso eficaz. Nunca será demais eu recomende aos médiuns inexperientes que desconfiem do que lhes podem certos Espíritos dizer, com relação ao suposto papel que eles são chamados a desempenhar, porquanto, se o tomarem a sério, só desapontamentos colherão nesse mundo, e, no outro, severo castigo. Persuadam-se bem de que, na esfera modesta e obscura onde se acham colocados, podem prestar grandes serviços, auxiliando a conversão dos incrédulos, prodigalizando consolação aos aflitos. Se daí deverem sair, serão conduzidos por mão invisível, que lhes preparará os caminhos, e serão postos em evidência, por assim dizer, a seu mau grado. Lembrem-se sempre destas palavras: “Aquele que se exalçar será humilhado e o que se humilhar será exalçado.”
O Espírito de Verdade
"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec

sábado, 27 de março de 2021

VAN DURST: UM ESPÍRITO FELIZ

VAN DURST:

UM ESPÍRITO FELIZ
"Van Durst Antigo funcionário, falecido em Antuérpia, em 1863, aos 80 anos.
Pouco depois do seu decesso, tendo um médium perguntado ao seu guia se poderia evocá-lo, responderam-lhe: “Este Espírito lentamente se refaz da sua perturbação, e, conquanto possa responder-vos imediatamente, muitas mágoas lhe custaria tal comunicação. Peço-vos espereis ainda uns quatro dias, pois até lá ele saberá das boas intenções manifestadas a seu respeito, e a elas corresponderá amistosa e gratamente.”
Decorridos os quatro dias recebemos a comunicação seguinte: “Meu amigo, bem leve na balança da eternidade foi o fardo da minha existência, e no entanto bem longe estou de ser feliz. A minha condição humilde e relativamente ditosa é de quem não fez o mal, sem que por isso visasse à perfeição. E se pode haver pessoas felizes numa esfera limitada, eu sou desse número. O que sinto é não ter conhecido o que ora conheceis, porque a minha perturbação não se prolongaria por tanto tempo, seria menos dolorosa.
De fato, ela foi grande; viver e não viver, estar rudemente preso ao corpo sem poder servir-se dele, ver os que nos foram caros, sentindo extinguir-se o pensamento que a eles nos prende, oh! que coisa horrível! Que momento cruel esse em que o aturdimento nos empolga e constrange, para desfazer-se em trevas logo após! Sentir tudo, para estar um momento depois aniquilado! Quer-se ter a consciência do seu eu, sem encontrá-la; não existir, e sentir que se existe!
Perturbação profunda! Depois, transcorrido um tempo incalculável de angústias contidas, sem forças para senti-las, depois, digo, desse tempo que parece interminável — o renascimento gradual da vida, o despertar de uma nova aurora em outro mundo! Nada de corpo material nem de vida terrestre! Vida, sim, mas imortal! Não mais homens carnais, porém formas diáfanas, Espíritos que deslizam, que surgem de todos os lados, que vos cercam e que não podeis abranger com a vista, porque é no infinito que flutuam! Ter ante si o Espaço e poder franqueá-lo à vontade! Comunicar-se pelo pensamento com tudo que vos envolve! Que vida nova, meu amigo, nova, brilhante e cheia de ventura! Salve, oh! salve, eternidade que me conténs em teu seio! Adeus, Terra que por tanto tempo me retiveste afastado do elemento natural da minha alma! Não... eu nada mais de ti queria, porque és a terra do exílio, e a maior das felicidades que dispensas nada vale! Soubesse eu o que sabeis, e quão fácil e agradável me seria a iniciação na vida espiritual! Sim, porque saberia, antes de morrer, o que mais tarde somente deveria conhecer, no momento da separação, de forma a desprender-me facilmente. Estais vós outros no caminho, porém, certificai-vos de que todo o adiantamento é pouco. Dizei-o a meu filho tantas vezes quantas bastem para que se instrua e creia, porque, do contrário, a nossa separação continuará aqui.
Amigos, adeus a todos vós; espero-vos, e, enquanto estiverdes na Terra, virei muitas vezes instruir-me convosco, visto como sei menos ainda que muitos dentre vós. Notai que aqui onde estou, sem velhice que me enfraqueça nem entraves de qualquer espécie, aprenderei mais depressa e facilmente. Aqui se vive às claras, caminhando com desassombro, tendo ante os olhos horizontes tão belos que a gente se torna impaciente por abrangê-los. Adeus, deixo-vos, adeus.”
Van Durst

sexta-feira, 26 de março de 2021

TODOS OS MUNDOS SÃO HABITADOS?

 

TODOS OS MUNDOS SÃO HABITADOS?

Encontramos este esclarecimento na obra "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec:
"55. São habitados todos os globos que se movem no espaço?
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo.”
[Comentário de Allan Kardec]Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes.
56. É a mesma a constituição física dos diferentes globos?
“Não; de modo algum se assemelham.”
57. Não sendo uma só para todos a constituição física dos mundos, seguir-se-á tenham organizações diferentes os seres que os habitam?
“Sem dúvida, do mesmo modo que no vosso os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”
58. Os mundos mais afastados do Sol estarão privados de luz e calor, por motivo de esse astro se lhes mostrar apenas com a aparência de uma estrela?
“Pensais então que não há outras fontes de luz e calor além do Sol e em nenhuma conta tendes a eletricidade que, em certos mundos, desempenha um papel que desconheceis e bem mais importante do que o que lhe cabe desempenhar na Terra? Demais, não dissemos que todos os seres são feitos de igual matéria que vós outros e com órgãos de conformação idêntica à dos vossos.”
[Comentário de Allan Kardec]As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos hão de ser adequadas ao meio em que lhes cumpre viver. Se jamais houvéramos visto peixes, não compreenderíamos pudesse haver seres que vivessem dentro d’água. Assim acontece com relação aos outros mundos, que sem dúvida contêm elementos que desconhecemos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que há de impossível em ser a eletricidade, nalguns mundos, mais abundante do que na Terra e desempenhar neles uma função de ordem geral, cujos efeitos não podemos compreender? Bem pode suceder, portanto, que esses mundos tragam em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias a seus habitantes."

"Os efeitos da lei de amor..."


"Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os mais viciosos se reformarão, quando observarem os benefícios resultantes da prática deste preceito: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam; fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que vos esteja ao alcance fazer-lhes.
Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano, que cederá, mesmo de malgrado, ao amor verdadeiro."

"O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec

quinta-feira, 25 de março de 2021

A VIDA FUTURA


A VIDA FUTURA

Em contexto da obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec traz-nos este tema:
"A VIDA FUTURA"
"1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? – Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui.
Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? – Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a minha voz. (S. JOÃO , 18:33, 36 e 37.)
2. Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra.
Todas as suas máximas se reportam a esse grande princípio. Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não crêem na vida futura, imaginando que ele apenas falava na vida presente, não os compreendem, ou os consideram pueris.
Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares a frente desta obra. É que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justiça de Deus.
3. Apenas idéias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida futura. Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criação; não sabiam, porém, que os homens podem um dia tornar-se anjos e partilhar da felicidade destes. Segundo eles, a observância das leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nação a que pertenciam, com vitórias sobre os seus inimigos. As calamidades públicas e as derrotas eram o castigo da desobediência àquelas leis. Moisés não pudera dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhe revelou que há outro mundo, onde a justiça de Deus segue o seu curso. É esse o mundo que ele promete aos que cumprem os mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Aí o seu reino; lá é que ele se encontra na sua glória e para onde voltaria quando deixasse a Terra.
Jesus, porém, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua época, não julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto que não a compreenderiam. Limitou-se a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um princípio, como uma lei da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir.
Todo cristão, pois, necessariamente crê na vida futura; mas, a idéia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade.
O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vários outros, o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens já se mostram maduros bastante para apreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os fatos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal sorte que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse propósito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como toda gente imagina um país cuja pormenorizada descrição leia. Ora, a descrição da vida futura é tão circunstanciadamente feita, são tão racionais as condições, ditosas ou infortunadas, da existência dos que lá se encontram, quais eles próprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que não pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justiça de Deus."

quarta-feira, 24 de março de 2021

OS ESPÍRITOS TÊM O DOM DA UBIQUIDADE?

OS ESPÍRITOS TÊM O DOM DA UBIQUIDADE?

A obra "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, aborda esta temática, dedicando-lhe, inclusivamente, um subtítulo.
"92. Têm os Espíritos o dom da ubiquidade? Por outras palavras: um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?"
“Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”
"92 a) – Todos os Espíritos irradiam com igual força?"
“Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.”
Comentário de Allan Kardec:
"Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode lançar seus pensamentos para diversos lados, sem que se fracione para tal efeito. Nesse sentido unicamente é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos Espíritos. Dá-se com eles o que se dá com uma centelha, que projeta longe a sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte; ou, ainda, o que se dá com um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, transmite ordens, sinais e movimento a diferentes pontos."
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

terça-feira, 23 de março de 2021

AFINAL, O QUE É O TEMPO?

AFINAL, O QUE É O TEMPO?

A obra "A Génese", de Allan Kardec, fala-nos do tempo.
Será o tempo apenas uma medida arbitrária da duração das coisas?
"Como a palavra espaço, tempo é também um termo já por si mesmo definido. Dele se faz idéia mais exata, relacionando-o com o todo infinito. O tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito. Suponhamo-nos na origem do nosso mundo, na época primitiva em que a Terra ainda não se movia sob a divina impulsão; numa palavra: no começo da Gênese. O tempo então ainda não saíra do misterioso berço da Natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos nos achamos, porquanto o balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento. Mas, silêncio! soa na sineta eterna a primeira hora de uma Terra insulada, o planeta se move no espaço e desde então há tarde e manhã. Para lá da Terra, a eternidade permanece impassível e imóvel, embora o tempo marche com relação a muitos outros mundos. Para a Terra, o tempo a substitui e durante uma determinada série de gerações contar-se-ão os anos e os séculos. Transportemo-nos agora ao último dia desse mundo, à hora em que, curvado sob o peso da vetustez, ele se apagará do livro da vida para aí não mais reaparecer. Interrompe-se então a sucessão dos eventos; cessam os movimentos terrestres que mediam o tempo e o tempo acaba com eles. Esta simples exposição das coisas que dão nascimento ao tempo, que o alimentam e deixam que ele se extinga, basta para mostrar que, visto do ponto em que houvemos de colocar-nos para os nossos estudos, o tempo é uma gota d’água que cai da nuvem no mar e cuja queda é medida. Tantos mundos na vasta amplidão, quantos tempos diversos e incompatíveis. Fora dos mundos, somente a eternidade substitui essas efêmeras sucessões e enche tranqüilamente da sua luz imóvel a imensidade dos céus.Imensidade sem limites e eternidade sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal. O olhar do observador, que atravessa, sem jamais encontrar o que o detenha, as incomensuráveis distâncias do espaço, e o do geólogo, que remonta além dos limites das idades, ou que desce às profundezas da eternidade de fauces escancaradas, onde ambos um dia se perderão, atuam em concordância, cada um na sua direção, para adquirir esta dupla noção do infinito: extensão e duração. Dentro desta ordem de idéias, fácil nos será conceber que, sendo o tempo apenas a relação das coisas transitórias e dependendo unicamente das coisas que se medem, se tomássemos os séculos terrestres por unidade e os empilhássemos aos milheiros, para formar um número colossal, esse número nunca representaria mais que um ponto na eternidade, do mesmo modo que milhares de léguas adicionadas a milhares de léguas não dão mais que um ponto na extensão. Assim, por exemplo, estando os séculos fora da vida etérea da alma, poderíamos escrever um número tão longo quanto o equador terrestre e supor-nos envelhecidos desse número de séculos, sem que na realidade nossa alma conte um dia a mais. E juntando, a esse número indefinível de séculos, uma série de números semelhantes, longa como daqui ao Sol, ou ainda mais consideráveis, se imaginássemos viver durante uma sucessão prodigiosa de períodos seculares representados pela adição de tais números, quando chegássemos ao termo, o inconcebível amontoado de séculos que nos passaria sobre a cabeça seria como se não existisse: diante de nós estaria sempre toda a eternidade. O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente. Se séculos de séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?!"

segunda-feira, 22 de março de 2021

A INGRATIDÃO


A INGRATIDÃO

Voltamos a este tema, trazendo uma mensagem inserida por Allan Kardec, na "Revista Espírita" de 1861:
"É preciso sempre ajudar os fracos e os que desejam fazer o bem, embora sabendo de antemão que não seremos recompensados por aqueles a quem o fazemos, porque aquele que se recusa a vos ser grato pela assistência que lhe destes, nem sempre é tão ingrato quanto o imaginais. Muitas vezes ele age segundo os desígnios de Deus, mas os seus desígnios não são, e muitas vezes não podem ser apreciados por vós. Baste-vos saber que é necessário fazer o bem por dever e por amor de Deus, pois disse Jesus: “Aquele que faz o bem por interesse já recebeu sua recompensa.” Sabei que se aquele a quem prestais serviço esquece o benefício, Deus vo-lo terá mais em conta do que se já tivésseis sido recompensados pela gratidão do vosso favorecido."
SÓCRATES

domingo, 21 de março de 2021

ESCOLHEMOS O CORPO EM QUE REENCARNAMOS?

ESCOLHEMOS O CORPO EM QUE REENCARNAMOS?

Vamos encontrar esclarecimento para esta pergunta na obra "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec:
"335. Cabe ao Espírito a escolha do corpo em que encarne, ou somente a do gênero de vida que lhe sirva de prova?
“Pode também escolher o corpo, porquanto as imperfeições que este apresente ainda serão, para o Espírito, provas que lhe auxiliarão o progresso, se vencer os obstáculos que lhe oponha. Nem sempre, porém, lhe é permitida a escolha do seu invólucro corpóreo; mas, simplesmente, a faculdade de pedir que seja tal ou qual.”
a) — Poderia o Espírito recusar, à última hora, tomar o corpo por ele escolhido?
“Se recusasse, sofreria muito mais do que aquele que não tentasse prova alguma.”

sábado, 20 de março de 2021

BASTARÁ PENSAR EM DEUS E NÃO PRATICAR O MAL?

BASTARÁ PENSAR EM DEUS E NÃO PRATICAR O MAL?

Para Deus, o mais importante será pensar Nele e não praticar o mal, consagrando a nossa vida a uma contemplação permanente?
É "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, que aborda esta temática.
"657. Os homens que se consagram à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e só pensando em Deus, têm perante ele algum mérito?"
“Não, porquanto se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Ademais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida toda pessoal e inútil à humanidade, e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.”
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

"O Espiritismo torna soberanamente feliz..."


"O Espiritismo torna soberanamente feliz. Com ele, não mais isolamento nem desespero. Ele já poupou muitas faltas, impediu vários crimes, levou a paz a inúmeras famílias, corrigiu muitos desvios. Como será, então, quando os homens forem alimentados por tais ideias! Porque então, vindo o raciocínio, eles se fortalecerão e não mais renegarão sua alma. Sim, o Espiritismo torna feliz e é isto que lhe dá um poder irresistível e assegura o seu futuro triunfo. Os homens querem a felicidade; o Espiritismo a proporciona; eles se atirarão nos braços do Espiritismo. Querem aniquilá-lo? Então deem ao homem uma fonte maior de felicidade e de esperança."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Outubro de 1860

sexta-feira, 19 de março de 2021

ESPÍRITOS ENDURECIDOS: XUMÈNE

ESPÍRITOS ENDURECIDOS:

XUMÈNE
Na segunda parte de "O Céu e o Inferno", Allan Kardec traz-nos alguns exemplos de percursos de Espíritos em diferentes condições.
Entre eles, encontramos Xumène, um Espírito endurecido:
"Xumène (Bordeaux, 1862.)"
"Sob este nome, um Espírito se apresenta espontaneamente ao médium habituado a este gênero de manifestações, pois sua missão parece ser a de assistir os Espíritos inferiores que o seu guia espiritual lhe conduz, no duplo propósito da sua própria instrução e do progresso deles.
— P. Quem sois? Este nome é de homem ou de mulher?
— R. De homem, e tão infeliz quanto possível. Sofro todos os tormentos do inferno.
— P. Mas se o inferno não existe, como podeis sofrer-lhe as torturas?
— R. Pergunta inútil.
— P. Compreendo, mas outros precisam de explicações...
— R. Isso pouco me incomoda.
— P. O egoísmo não será uma das causas do vosso sofrimento?
— R. Pode ser.
— P. Se quiserdes ser aliviado, começai repudiando as más tendências...
— R. Não te incomodes com o que não é da tua conta; principia orando por mim, como praticas com os outros, e depois veremos.
— P. A não me auxiliardes com o vosso arrependimento, a prece pouco valor poderá ter.
— R. Mas falando, em vez de orares, menos ainda me adiantarás.
— P. Então desejais adiantar-vos?
— R. Talvez... não sei. Vejamos o essencial, isto é, se a prece alivia os sofrimentos.
— P. Unamos então os nossos pensamentos com a firme vontade de obter o vosso alívio.
— R. Vá lá.
— P. (Depois da prece.) Estais satisfeito?
— R. Não como fora para desejar.
— P. Mas o remédio, aplicado pela primeira vez, não pode curar imediatamente um mal antigo...
— R. É possível...
— P. Quereis voltar?
— R. Se me chamares...
O guia da médium. — Filha, terás muito trabalho com este Espírito endurecido, mas o maior mérito não advém de salvar os não perdidos. Coragem, perseverança, e triunfarás afinal. Não há culpados que se não possam regenerar por meio da persuasão e do exemplo, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir-se com o tempo. O fato de muitas vezes ser impossível regenerá-los prontamente, não importa na inutilidade de tais esforços. Mesmo a contragosto, as ideias sugeridas a tais Espíritos fazem-nos refletir. São como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada.
Isto que te digo pode aplicar-se também aos encarnados e tu deves compreender a razão por que o Espiritismo não faz imediatamente homens perfeitos, mesmo entre os adeptos mais crentes.
A crença é o primeiro passo; vindo em seguida a fé e a transformação a seu turno; mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo espiritual.
Entre os Espíritos endurecidos, não há só perversos e maus. Grande é o número dos que, sem fazer o mal, estacionam por orgulho, indiferença ou apatia. Estes, nem por isso, são menos infelizes, pois tanto mais os aflige a inércia quanto mais se veem privados das mundanas compensações.
Intolerável, por certo, se lhes torna a perspectiva do infinito, porém eles não têm nem a força nem a vontade para romper com essa situação. Referimo-nos a esses indivíduos que levam uma existência ociosa, inútil a si como ao próximo, acabando muita vez no suicídio, sem motivos sérios, por aborrecimento da vida.
Em regra, tais Espíritos são menos passíveis de imediata regeneração, do que os positivamente maus, visto como estes ao menos dispõem de energia, e, uma vez doutrinados, votam-se ao bem com o mesmo ardor que lhes inspirava o mal.
Aos outros, muitas encarnações se fazem precisas para que progridam, e isto pouco a pouco, domados pelo tédio, procurando, para se distraírem, qualquer ocupação que mais tarde venha transformar-se em necessidade."

quinta-feira, 18 de março de 2021

ESPÍRITOS: OS GRAUS DE PERFEIÇÃO

ESPÍRITOS:

OS GRAUS DE PERFEIÇÃO
De acordo com os graus de perfeição, diz-nos Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", que os Espíritos se agrupam em três ordens:
"96. São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia?
“São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.”
97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?
“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais.
“Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.”
98. Os Espíritos da segunda ordem, para os quais o bem constitui a preocupação dominante, têm o poder de praticá-lo?
“Cada um deles dispõe desse poder, de acordo com o grau de perfeição a que chegou. Assim, uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda têm que sofrer provas.”
99. Os da terceira categoria são todos essencialmente maus?
“Não; uns há que não fazem nem o mal nem o bem; outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há também os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem antes na malícia do que na malvadez e cujo prazer consiste em mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem.”

quarta-feira, 17 de março de 2021

PEDIDOS DE COMUNIÇÕES AOS ESPÍRITOS

PEDIDOS DE COMUNIÇÕES AOS ESPÍRITOS

Ansiamos, não raras vezes, por mensagens específicas, vindas do plano espiritual. Mas, na verdade, qual o motivo que nos leva a querê-lo, de fato?
"Com que fim, as mais das vezes, pedis comunicações aos Espíritos? Para terdes belos trechos de prosa, que mostrareis às pessoas das vossas relações como amostras do nosso talento? Preciosamente as conservais nas vossas pastas, porém, nos vossos corações não há lugar para elas. Julgais porventura que muito nos lisonjeia o comparecermos às vossas assembleias, como a um concurso, para fazermos torneios de eloquência, a fim de que possais dizer que a sessão foi muito interessante? Que vos resta, depois de haverdes achado admirável uma comunicação? Supondes que vimos em busca dos vossos aplausos? Desenganai-vos. Não nos agrada divertir-vos mais de um modo que doutro. Ainda aí o que há, em vós, é curiosidade, que de balde procurais dissimular.
O nosso objetivo é tornar-vos melhores. Ora, quando verificamos que as nossas palavras nenhum fruto produzem, que, da vossa parte, tudo se resume numa estéril aprovação, vamos em busca de almas mais dóceis. Cedemos então o lugar aos Espíritos que só fazem questão de falar e esses não faltam. Causa-vos espanto que deixemos tomem eles os nossos nomes. Que vos importa, uma vez que, para vós, não há nisso nem mais, nem menos? Ficai, porém, sabendo que não o permitimos em se tratando daqueles por quem realmente nos interessamos, isto é, daqueles com quem o nosso tempo não é perdido. Esses são os que preferimos e cuidadosamente os preservamos da mentira. Se, portanto, sois tão frequentemente enganados, queixai-vos tão-só de vós mesmos. Para nós, o homem sério não é aquele que se abstém de rir, mas aquele cujo coração as nossas palavras tocam, que as medita e tira delas proveito."
Massillon
"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec