Conta antiga lenda indígena que,
certa feita, um jovem, mergulhado nas angústias e questionamentos naturais da
juventude, procurou o grande sábio de sua tribo.
Nos primeiros passos para tentar se
entender e entender ao mundo, foi buscar no velho homem um pouco de
esclarecimento.
Solenemente aproximou-se do
respeitoso ancião, que o recebeu com um brilho no olhar, próprio dos que
entendem os porquês da vida em profundidade.
Tentando encontrar as melhores
palavras, a forma mais apropriada para se expressar, o jovem explicou o que ali
o levava.
Grande sábio, trago comigo muitas
dúvidas sobre como devo proceder. Afinal, como ser uma pessoa de bem, como ser
um homem honrado, se ainda trago no peito tantas paixões e tantas fragilidades
morais?
O sábio, certamente, já se houvera
feito tais questões.
Os anos lhe haviam permitido caminhar
sob o açoite das aflições íntimas.
E tal qual o jovem à sua frente, que
ora iniciava seus primeiros passos rumo ao autoconhecimento, também ele buscara
essas respostas.
Então, olhando-o terna e
pacientemente, lhe propôs a seguinte imagem.
Meu filho, em nosso mundo íntimo, em
nosso coração, habitam dois cães ferozes, um bom e outro mau.
Como têm origens muito distintas,
como não se assemelham em nada, essas duas feras vivem em constante luta, em
diuturna batalha.
E você sabe qual deles irá ganhar a
luta, meu filho? - Indagou o ancião.
O jovem, atônito pela imagem
proposta, não soube responder. Imaginou a luta entre os dois animais e pensou
como seria terrível, brutal.
Meu jovem, essa batalha em nosso
mundo íntimo será ganha pelo cão que mais alimentarmos.
Escutando isso, o rapaz,
compreendendo a profundidade da lição, retirou-se para a necessária meditação em
torno do ensinamento recebido.
* *
*
Assim
acontece com cada um de nós. Não há quem não traga em sua intimidade tendências positivas e dificuldades de grande monta.
Nenhum de nós chega ao mundo sem
conflitos a serem vencidos, sem limitações a serem ultrapassadas.
Alguns apresentamos grande tendência
ao egoísmo, e então a vida nos dá a oportunidade de exercitar a
solidariedade.
Outros nascemos vaidosos,
egocêntricos, e a vida nos oferece lições de humildade e
simplicidade.
Tantos nascemos avaros, pensando só
em amealhar bens para nós mesmos, e a vida nos dá a chance de aprendermos a
generosidade.
Serão sempre dois cães a lutar em
nossa intimidade, a fim de ganhar espaço, vencer batalhas.
A eclosão de nossos conflitos íntimos
é resultado da consciência a nos alertar sobre os caminhos que a vida nos
oportuniza.
Nesses momentos, será a hora de
pararmos e claramente decidirmos qual dos dois cães desejamos
alimentar.
Será sempre pela insistência, pelo
hábito e pela disciplina, investindo em nossas construções positivas, que
conseguiremos vencer as batalhas íntimas.
Dessa forma, tenhamos tranquilidade
quanto aos enfrentamentos naturais de nossa intimidade.
E não nos esqueçamos de que será
sempre nossa a decisão de alimentar uma ou outra fera, ou seja, as nossas boas
ou más tendências.
Redação do Momento
Espírita
Sem comentários:
Enviar um comentário