domingo, 28 de julho de 2013

O desvio


O DESVIO
 
"Eu e meus irmãos mais novos vivíamos brigando uns com os outros, quando éramos crianças. Teimosos e obstinados, cada qual queria a coisa a seu modo.
Um dias papai levou-nos à estação da estrada-de-ferro para assistir a chegada de um trem de passageiros. Mal chegamos, ouvimos o apito de um trem de carga que vinha na direção oposta.
Estão vendo? disse-nos papai. Dois trens vêm chegando, em direções contrárias. Que é que vai acontecer?
Nem respondemos. Deixamo-nos ficar ali, mudos de espanto e de medo, à espera da colisão que julgávamos inevitável.
Mas, dali a pouco o trem de carga mudou de direção e entrou em um desvio. O trem de passageiros ganhou a estação sem nenhuma dificuldade.
Enquanto os viajantes desciam tranquilamente, papai se voltou para nós e disse:
— Vocês viram? O mesmo sucede às pessoas. Todos nós tentamos seguir em direções diversas, no mesmo leito da estrada, que é a vida. E se não usarmos os desvios, podemos esperar por um desastre na certa. Há muitos desvios à nossa disposição: chamam-se paciência, amor fraterno, tolerância e bom-senso. Não só as crianças, mas os adultos também, e até as nações se entenderiam muito melhor se se lembrassem de usar os desvios.
Nunca mais nenhum de nós esqueceu a lição. E todas as vezes que nos vemos na iminência de um choque de opiniões, que geralmente redunda em desagradáveis consequências, lembrando-nos daquele desvio e sempre conseguimos, com bons resultados, resolver os problemas:

O lar é um templo sagrado
De vida superior,
Onde começa no mundo
A lei sublime do amor."

(“E para o resto da vida...”, Casimiro Cunha/Wallace Leal V. Rodrigues)

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