sexta-feira, 30 de abril de 2021

O ESPIRITISMO VEM MULTIPLICAR O NÚMERO DOS CHAMADOS

O ESPIRITISMO VEM MULTIPLICAR O NÚMERO DOS CHAMADOS

Tema abordado na obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec:
"Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado; contudo, além de o Evangelho, que os contém, achar-se espalhado somente no seio das seitas cristãs, mesmo dentro destas quantos há que não o lêem, e, entre os que o lêem, quantos os que o não compreendem! Resulta daí que as próprias palavras de Jesus são perdidas para a maioria dos homens.
O ensino dos Espíritos, reproduzindo essas máximas sob diferentes formas, desenvolvendo-as e comentando-as, para pô-las ao alcance de todos, tem isto de particular: não é circunscrito; todos, letrados ou iletrados, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, o podem receber, pois que os Espíritos se comunicam por toda parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância; não se pode desculpar nem com a falta de instrução, nem com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda mais censuráveis são, se persistem no mal, porque muitas vezes escrevem sua própria condenação e porque, se não os cegasse o orgulho, reconheceriam que a eles é que se dirigem os Espíritos. Mas, em vez de tomarem para si as lições que escrevem, ou que lêem escritas por outros, têm por única preocupação aplicá-las aos demais, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave que está no vosso.” (Cap. X, nº 9.)
Por esta sentença: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados”, quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus, do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje.
Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado.
O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos."
"O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec

quinta-feira, 29 de abril de 2021

FLAGELOS DESTRUIDORES

FLAGELOS DESTRUIDORES

Tema inserido por Allan Kardec, na obra "O Livro dos Espíritos":
"737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.” (744)
738. Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os flagelos destruidores?
“Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.”
a) — Mas, nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?
“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real (85). Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”
b) — Mas, nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
[Nota de Allan Kardec] Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo. Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e a abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.
739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?
“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”
740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?
“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”
741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”
[Nota de Allan Kardec] Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje preservadas deles? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua inteligência e quando, aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (707)"

quarta-feira, 28 de abril de 2021

O TRABALHO E O REPOUSO

O TRABALHO E O REPOUSO


Tema inserido por Allan Kardec, na obra "O Livro dos Espíritos":

"LIMITE DO TRABALHO. REPOUSO"

"682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da Natureza?

“Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”

683. Qual o limite do trabalho?

“O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem.”

684. Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho?

“Isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus.” (273)

685. Tem o homem o direito de repousar na velhice?

“Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com as suas forças.”

a) — Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?

“O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.”

[Nota de Allan Kardec] Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos."

terça-feira, 27 de abril de 2021

ONDE ESTÃO OS ESPÍRITOS?

ONDE ESTÃO OS ESPÍRITOS?

Sabemo-nos Espíritos e também é do nosso conhecimento que muitos outros existem. Todavia, concretamente, onde se encontram?
Em "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, encontramos a resposta para estas dúvidas.
"84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora aquele que vemos?"
“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”
"85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?"
“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”
"86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?"
“Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”
"87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?"
“Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Vós os tendes de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, pois há regiões interditas aos menos adiantados.”
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

segunda-feira, 26 de abril de 2021

UMA NOVA GERAÇÃO

UMA NOVA GERAÇÃO

A obra "A Génese", de Allan Kardec termina com um capítulo dedicado aos tempos novos que chegam.
Vejamos o que nos diz acerca de uma nova geração que emergirá.
"28. A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior.
Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração. O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores."
"29. Não se deve entender que por meio dessa emigração de Espíritos sejam expulsos da Terra e relegados para mundos inferiores todos os Espíritos retardatários. Muitos, ao contrário, aí voltarão, porquanto muitos há que o são porque cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo.
Nesses, a casca é pior do que o cerne. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos prejuízos do mundo corporal, eles, em sua maioria, verão as coisas de maneira inteiramente diversa daquela por que as viam quando em vida, conforme os múltiplos casos que conhecemos. Para isso, têm a auxiliá-los Espíritos benévolos que por eles se interessam e se dão pressa em esclarecê-los e em lhes mostrar quão falso era o caminho que seguiam. Nós mesmos, pelas nossas preces e exortações, podemos concorrer para que eles se melhorem, visto que entre mortos e vivos há perpétua solidariedade.
É muito simples o modo por que se opera a transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza."
"31. Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender o que se passa nessa circunstância. Figuremos um regimento composto na sua maioria de homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele constantes desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles se amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma influência exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem com a companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa uma imagem da sociedade atual?
Suponhamos que esses homens são retirados um a um, dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais números de bons soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem."
"A Génese", Allan Kardec

domingo, 25 de abril de 2021

DEUS NÃO SE VINGA

DEUS NÃO SE VINGA

Artigo inserido por Allan Kardec, na "Revista Espírita", referente a Maio de 1865, que aborda este tema:
"O que precede é apenas um preâmbulo destinado a servir de introdução a outras ideias. Falei de ideias preconcebidas, mas há outras além das que vêm das inclinações do inspirado; há as que são consequência de uma instrução errônea, de uma interpretação acreditada num tempo mais ou menos longo, que tiveram sua razão de ser numa época em que a razão humana estava insuficientemente desenvolvida e que, passadas ao estado crônico, não podem ser modificadas senão por heróicos esforços, sobretudo quando têm por si a autoridade do ensino religioso e de livros reservados. Uma destas ideias é esta: Deus se vinga. Que um homem, ferido em seu orgulho, em sua pessoa ou em seus interesses se vingue, isto se concebe. Essa vingança, embora culposa, está dentro dos limites das imperfeições humanas, mas um pai que se vinga em seus filhos levanta a indignação geral, porque cada um sente que um pai, com a tarefa de formar os seus filhos, pode redirecionálos nos seus erros e corrigir seus defeitos por todos os meios ao seu alcance, mas que a vingança lhe é interdita, sob pena de tornar-se estranho a todos os direitos da paternidade.
Sob o nome de vindita pública, a Sociedade que está desaparecendo vingava-se dos culpados; a punição infligida, muitas vezes cruel, era a vingança que ela tomava do homem perverso. Ela não tinha a menor preocupação com a reabilitação desse homem e deixava a Deus o cuidado de puni-lo ou de perdoá-lo. Bastava-lhe ferir pelo terror, que julgava salutar, os futuros culpados. A Sociedade que vêm não mais pensa assim; se ela ainda não age em vista da emenda do culpado, ao menos compreende o que a vingança encerra de odioso por si mesma; salvaguardar a Sociedade contra os ataque de um criminoso lhe basta, auxiliada pelo medo de um erro judiciário. Em breve a pena capital desaparecerá dos vossos códigos.
Se hoje a Sociedade se sente grande demais diante de um culpado, para se deixar ir à cólera e dele vingar-se, como quereis que Deus, participando de vossas fraquezas, se tome de um sentimento irascível e fira por vingança um pecador chamado ao arrependimento? Crer na cólera de Deus é um orgulho da Humanidade, que imagina ter um grande peso na balança divina. Se a planta do vosso jardim vem mal, se se desvia, ireis encolerizar-vos e vos vingar dela? Não; endireitá-la-eis, se puderdes, dar-lhe-eis um apoio, forçareis, por entraves, as suas más tendências, se necessário a transplantareis, mas não vos vingareis. Assim faz Deus.
Deus vingar-se, que blasfêmia! Que diminuição da grandeza divina! Que ignorância da distância infinita que separa a criação de sua criatura! Que esquecimento de sua bondade e de sua justiça!
Deus viria, numa existência em que não vos resta nenhuma lembrança de vossos erros passados, fazer-vos pagar caro pelas faltas que podeis ter cometido numa época apagada em vosso ser! Não, não! Deus não age assim. Ele entrava o impulso de uma paixão funesta, corrige o orgulho inato por uma humildade forçada, endireita o egoísmo do passado pela urgência de uma necessidade presente que leva a desejar a existência de um sentimento que o homem não conheceu nem experimentou. Como pai, ele corrige, mas, também como pai, Deus não se vinga.
Guardai-vos dessas ideias preconcebidas de vingança celeste, restos dispersos de um erro antigo. Guardai-vos dessas tendências fatalistas, cuja porta está aberta para vossas doutrinas novas, e que vos conduziriam diretamente ao quietismo oriental. A parte de liberdade do homem já não é bastante grande para apequená-la ainda mais por crenças errôneas. Quanto mais sentirdes vossa liberdade, sem dúvida maior será a vossa responsabilidade, e tanto mais os esforços de vossa vontade vos conduzirão à frente, na via do progresso."
"Pascal"

"Há feridas que não se curam arrancando o aparato que..."

"Há feridas que não se curam arrancando o aparato que as cobre. O que acalma o coração é uma palavra de consolo, dita por uma voz amiga que adivinhou, com sua alma, o que lhe ocultaram aos olhos."

"Revista Espírita", Allan Kardec - Novembro de 1865

sábado, 24 de abril de 2021

ESPÍRITOS SOFREDORES: AUGUSTE MICHEL

ESPÍRITOS SOFREDORES:

AUGUSTE MICHEL

Inserido por Allan Kardec, na obra "O Céu e o Inferno":

"Auguste Michel (Havre, março de 1863.)

Era um moço rico, boêmio, gozando larga e exclusivamente a vida material. Conquanto inteligente, o indiferentismo pelas coisas sérias era-lhe o traço característico.

Sem maldade, antes bom que mau, fazia-se estimar por seus companheiros de pândegas, sendo apontado na sociedade por suas qualidades de homem mundano. Não fez o bem, mas também não fez o mal. Faleceu em consequência de uma queda da carruagem em que passeava. Evocado alguns dias depois da morte por um médium que indiretamente o conhecia, deu sucessivamente as seguintes comunicações:

8 de março de 1863. — “Por enquanto apenas consegui desprender-me e dificilmente vos posso falar. A queda que me ocasionou a morte do corpo perturbou profundamente o meu Espírito. Inquieta-me esta incerteza cruel do meu futuro. O doloroso sofrimento corporal experimentado nada é comparativamente a esta perturbação. Orai para que Deus me perdoe. Oh! que dor! oh! graças, meu Deus! que dor! Adeus.”

18 de março. — “Já vim a vós, mas apenas pude falar dificilmente. Presentemente, ainda mal me posso comunicar convosco. Sois o único médium ao qual posso pedir preces para que a bondade de Deus me subtraia a esta perturbação. Por que sofrer ainda, quando o corpo não mais sofre? Por que existir sempre esta dor horrenda, esta angústia terrível? Orai, oh! orai para que Deus me conceda repouso... Oh! que cruel incerteza! Ainda estou ligado ao corpo. Apenas com dificuldade posso ver onde devo encontrar-me; meu corpo lá está, e por que também lá permaneço sempre? Vinde orar sobre ele para que eu me desembarace dessa prisão cruel... Deus me perdoará, espero. Vejo os Espíritos que estão junto de vós e por eles posso falar-vos. Orai por mim.”

6 de abril. — “Sou eu quem vem pedir que oreis por mim. Será preciso irdes ao lugar em que jaz meu corpo, a fim de implorar do Onipotente que me acalme os sofrimentos? Sofro! oh! se sofro! Ide a esse lugar — assim é preciso — e dirigi ao Senhor uma prece para que me perdoe. Vejo que poderei ficar mais tranquilo, mas volto incessantemente ao lugar em que depositaram o que me pertencia.”

O médium, não dando importância ao pedido que lhe faziam de orar sobre o túmulo, deixara de atender. Todavia, indo aí, mais tarde, lá mesmo recebeu uma comunicação.

11 de maio. — “Aqui vos esperava. Aguardava que viésseis ao lugar em que meu Espírito parece preso ao seu invólucro, a fim de implorar ao Deus de misericórdia e bondade acalmar os meus sofrimentos. Podeis beneficiar-me com as vossas preces, não o esqueçais, eu vo-lo suplico. Vejo quanto a minha vida foi contrária ao que deveria ser; vejo as faltas cometidas.

Fui no mundo um ser inútil; não fiz uso algum proveitoso das minhas faculdades; a fortuna serviu apenas à satisfação das minhas paixões, aos meus caprichos de luxo e à minha vaidade; não pensei senão nos gozos do corpo, desprezando os da alma e a própria alma. Descerá a misericórdia de Deus até mim, pobre Espírito que sofre as consequências das suas faltas terrenas? Orai para que Ele me perdoe, libertando-me das dores que ainda me pungem. Agradeço-vos o terdes vindo aqui orar por mim.”

8 de junho. — “Posso falar e agradeço a Deus que mo faculta. Compreendi as minhas faltas e espero que Deus me perdoe. Trilhai sempre na vida de conformidade com a crença que vos alenta, porque ela vos reserva de futuro um repouso que eu ainda não tenho. Obrigado pelas vossas preces. Até logo.”

30 de julho. — “Presentemente sou menos infeliz, visto não mais sentir a pesada cadeia que me jungia ao corpo. Estou livre, enfim, mas ainda não expiei, e preciso é que repare o tempo perdido se eu não quiser prolongar os sofrimentos. Espero que Deus, tendo em conta a sinceridade do arrependimento, me conceda a graça do seu perdão. Pedi ainda por mim, eu vo-lo suplico.”

A insistência do Espírito para que se orasse sobre o seu túmulo é uma particularidade notável, mas que tinha sua razão de ser se levarmos em conta a tenacidade dos laços que ao corpo o prendiam, à dificuldade do desprendimento, em consequência da materialidade da sua existência. Compreende-se que, mais próxima, a prece pudesse exercer uma espécie de ação magnética mais poderosa no sentido de auxiliar o desprendimento. O costume quase geral de orar junto aos cadáveres não provirá da intuição inconsciente de um tal efeito? Nesse caso, a eficácia da prece alcançaria um resultado simultaneamente moral e material."

sexta-feira, 23 de abril de 2021

ONDE ENCONTRA O HOMEM A FORÇA PARA PROGREDIR?

ONDE ENCONTRA O HOMEM A FORÇA PARA PROGREDIR?

É em "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec que encontramos o desenvolvimento desta questão.
"779. A força para progredir, haure-a o homem em si mesmo, ou o progresso é apenas fruto de um ensinamento?"
“O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social.”
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

quinta-feira, 22 de abril de 2021

CONTRARIEDADES

CONTRARIEDADES

A origem de algumas contrariedades é tema inserido por Allan Kardec, na obra "O Livro dos Espíritos":
"530. Não podem os Espíritos levianos e zombeteiros criar pequenos embaraços à realização dos nossos projetos e transtornar as nossas previsões? Serão eles, numa palavra, os causadores do que chamamos pequenas misérias da vida humana?
“Eles se comprazem em vos causar tais aborrecimentos, que representam para vós provas destinadas a exercitar a vossa paciência. Cansam-se, porém, quando veem que nada conseguem. Entretanto, não seria justo, nem acertado, imputar-lhes todas as decepções que experimentais e de que sois os principais culpados pela vossa irreflexão. Fica certo de que, se a tua louça se quebra, é mais por desazo teu do que por culpa dos Espíritos.”
a) – Destes, os que provocam contrariedades, obram impelidos por animosidade pessoal, ou assim procedem contra qualquer um, sem motivo determinado, por pura malícia?
“Por uma e outra coisa. Às vezes os que assim vos molestam são inimigos que granjeastes nesta ou em precedente existência. Outras vezes, nenhum motivo há.”
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec

quarta-feira, 21 de abril de 2021

MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS: COMO "PASSATEMPO", SÃO PORTA ABERTA AOS ESPÍRITOS INFERIORES


MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS: 

COMO "PASSATEMPO", SÃO PORTA ABERTA AOS ESPÍRITOS INFERIORES 

Tema inserido por Allan Kardec,  na obra "O Livro dos Médiuns":

"4a - Que se deve pensar das pessoas que nas manifestações espíritas apenas veem uma distração e um passatempo, ou um meio de obterem revelações sobre o que as interessa?

“Essas pessoas agradam muito aos Espíritos inferiores que, do mesmo modo que elas, gostam de divertir-se e rejubilam quando as têm ­mistificado.”

terça-feira, 20 de abril de 2021

O EGOÍSMO

O EGOÍSMO

Tema inserido por Allan Kardec, na obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
"O EGOÍSMO"
"11. O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão. Cabem-vos a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente o expilais dos vossos corações. – Emmanuel. (Paris, 1861.)
12. Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos.
Começai vós por dar o exemplo; sede caridosos para com todos indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo.
O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Digo mais: não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se calcarão aos pés as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito. – Pascal. (Sens, 1862.)"

segunda-feira, 19 de abril de 2021

A PENA DE MORTE E O PROGRESSO DA HUMANIDADE

A PENA DE MORTE E O PROGRESSO DA HUMANIDADE

Tema inserido por Allan Kardec, na obra "O Livro dos Espíritos":
"PENA DE MORTE"
"760. Desaparecerá algum dia, da legislação humana, a pena de morte?
“Incontestavelmente desaparecerá e a sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida na Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos homens. Refiro-me a uma época ainda muito distante de vós.”
[Nota de Allan Kardec ] Sem dúvida, o progresso social ainda muito deixa a desejar. Mas, seria injusto para com a sociedade moderna quem não visse um progresso nas restrições postas à pena de morte, no seio dos povos mais adiantados, e à natureza dos crimes a que a sua aplicação se acha limitada. Se compararmos as garantias de que, entre esses mesmos povos, a justiça procura cercar o acusado, a humanidade de que usa para com ele, mesmo quando o reconhece culpado, com o que se praticava em tempos que ainda não vão muito longe, não poderemos negar o avanço do gênero humano na senda do progresso.
761. A lei de conservação dá ao homem o direito de preservar sua vida. Não usará ele desse direito, quando elimina da sociedade um membro perigoso?
[Nota de Allan Kardec] ‘Há outros meios de ele se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento.”
762. A pena de morte, que pode vir a ser banida das sociedades civilizadas, não terá sido de necessidade em épocas menos adiantadas?
“Necessidade não é o termo. O homem julga necessária uma coisa, sempre que não descobre outra melhor. À proporção que se instrui, vai compreendendo melhormente o que é justo e o que é injusto e repudia os excessos cometidos, nos tempos de ignorância, em nome da justiça.”
763. Será um indício de progresso da civilização a restrição dos casos em que se aplica a pena de morte?
“Podes duvidar disso? Não se revolta o teu Espírito, quando lês a narrativa das carnificinas humanas que outrora se faziam em nome da justiça e, não raro, em honra da Divindade; das torturas que se infligiam ao condenado e até ao simples acusado, para lhe arrancar, pela agudeza do sofrimento, a confissão de um crime que muitas vezes não cometera? Pois bem! Se houvesses vivido nessas épocas, terias achado tudo isso natural e talvez mesmo, se foras juiz, fizesses outro tanto. Assim é que o que pareceu justo, numa época, parece bárbaro em outra. Só as leis divinas são eternas; as humanas mudam com o progresso e continuarão a mudar, até que tenham sido postas de acordo com aquelas.”
764. Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Estas palavras não consagram a pena de talião e, assim, a morte dada ao assassino não constitui uma aplicação dessa pena?
“Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Mas, não vos disse ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houverdes perdoado, compreendei-o bem?”
765. Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?
“É tomar o homem o lugar de Deus na distribuição da justiça. Os que assim procedem mostram quão longe estão de compreender Deus e que muito ainda têm que expiar. A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus; e os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios.”

domingo, 18 de abril de 2021

MORTE E PAIXÃO DE JESUS

MORTE E PAIXÃO DE JESUS

A propósito da efeméride que se assinalou há pouco tempo (Sexta-feira/ Páscoa), recorremos à obra "A Génese", para observarmos o que Allan Kardec ali inseriu acerca da morte e paixão de Jesus, no capítulo "Predições do Evangelho":
"Morte e paixão de Jesus"
"3. (Após a cura do lunático) — Todos ficaram admirados do grande poder de Deus. E, estando todos presa de admiração pelo que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos: Guardai bem nos vossos corações o que vos vou dizer. O Filho do homem tem que ser entregue às mãos dos homens. — Eles, porém, não entendiam essa linguagem; ela lhes era de tal modo oculta que nada compreendiam daquilo e temiam mesmo interrogá-lo a respeito. (S. Lucas, 9:44-45.)
4. A partir de então, começou Jesus a revelar a seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém; que aí tinha de sofrer muito da parte dos senadores, dos escribas e dos príncipes dos sacerdotes; que tinha de ser morto e de ressuscitar ao terceiro dia. (S. Mateus, 16:21.)
5. Estando na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem tem que ser entregue às mãos dos homens; — estes lhe darão morte e ele ressuscitará ao terceiro dia, o que os afligiu extremamente. (S. Mateus, 17:21-22.)
6. Ora, indo Jesus a Jerusalém, chamou de parte seus doze discípulos e lhes disse: Vamos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que o condenarão à morte — e o entregarão aos gentios, a fim de que o tratem com zombarias, o açoitem e crucifiquem; e ele ressuscitará ao terceiro dia. (S. Mateus, 20:17 a 19.)
7. Em seguida, tomando de parte os doze apóstolos, disse-lhes Jesus: Eis que vamos a Jerusalém e tudo o que os profetas escreveram acerca do Filho do homem vai cumprir-se — porquanto ele será entregue aos gentios, zombarão dele, açoitá-lo-ão e lhe escarrarão no rosto. — Depois que o tiverem açoitado, matá-lo-ão e ele ressuscitará ao terceiro dia. Mas, eles nada compreenderam de tudo isso; aquela linguagem lhes era oculta e não entendiam o que ele lhes dizia. (S. Lucas, 18:31 a 34.)
8. Ora, tendo concluído todos esses discursos, Jesus disse a seus discípulos: Sabeis que a Páscoa se fará daqui a dois dias e que o Filho do homem será entregue para ser crucificado. Ao mesmo tempo, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram na corte do sumo-sacerdote chamado Caifás — e entraram a consultar-se mutuamente, à procura de um meio de se apoderarem habilmente de Jesus e de fazê-lo morrer. — Diziam: É absolutamente necessário que não seja durante a festa, para que não se levante qualquer tumulto no seio do povo. (S. Mateus, 26:1 a 5.)
9. No mesmo dia, alguns fariseus vieram dizer-lhe: Vai-te, sai deste lugar, pois Herodes quer dar-te à morte. — Ele respondeu: Ide dizer a essa raposa: Ainda tenho que expulsar os demônios e restituir a saúde aos doentes, hoje e amanhã; no terceiro dia, serei consumado. (S. Lucas, 13:31-32.)"

sábado, 17 de abril de 2021

PERANTE DESGOSTOS DA VIDA

PERANTE DESGOSTOS DA VIDA

Os desgostos estão presentes na vida.
Vejamos este esclarecimento que Allan Kardec nos traz, na obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
"29. Aquele que se acha desgostoso da vida, mas que não quer extingui-la por suas próprias mãos, será culpado se procurar a morte num campo de batalha, com o propósito de tornar útil sua morte?
Que o homem se mate ele próprio, ou faça que outrem o mate, seu propósito é sempre cortar o fio da existência: há, por conseguinte, suicídio intencional, se não de fato. É ilusória a ideia de que sua morte servirá para alguma coisa; isso não passa de pretexto para colorir o ato e escusá-lo aos seus próprios olhos. Se ele desejasse seriamente servir ao seu país, cuidaria de viver para defendê-lo; não procuraria morrer, pois que, morto, de nada mais lhe serviria. O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trate de ser útil, em afrontar o perigo, em fazer, de antemão e sem pesar, o sacrifício da vida, se for necessário. Mas, buscar a morte com premeditada intenção, expondo-se a um perigo, ainda que para prestar serviço, anula o mérito da ação."
S. Luís. (Paris, 1860.)
"O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec